Novembro Vermelho

Por Lidiane Ramos Leal. 

(Português/Español).

Uma amiga com vinte e poucos anos postou no facebook uma figura muito bonita sobre a campanha Outubro Rosa, achei interessante e compartilhei, assim como muitas outras pessoas que se sensibilizaram com a causa. Alguns dias depois, em conversa com ela, comentamos sobre a Ponte Hercílio Luz (em Florianópolis/SC), que havia recebido uma iluminação rosa, em razão da campanha que tem como propósito instigar a prevenção do câncer de mama, em decorrência do assunto, falamos da importância do autoexame. Na conversa minha amiga defendeu que ainda não precisava fazer o autoexame, pois era muito jovem e essa doença só atingia mulheres acima de 40 anos. Ledo engano!

O Outubro Rosa teve início nos anos 1990 quando o laço cor-de-rosa foi lançado na corrida pela cura em Nova York. Atualmente diversos países aderiram à campanha Outubro Rosa tornando-o um movimento mundial, que tem como propósito alertar para a realidade do câncer de mama, e ainda sobre a importância do diagnóstico precoce.  Nos dias de hoje pode-se perceber, durante o mês de outubro, espaços públicos, empresas e a população em geral envolvida na causa. Claro que sabemos que a prevenção deve ocorrer durante todo o ano, para isso, é imperativo cuidarmos da saúde, realizando os exames necessários e prezando pela boa qualidade de vida, apesar das intempéries do sistema. Mas, será que todas essas mulheres que aderiram à campanha realizaram o autoexame ou agendaram sua mamografia?

Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e segundo tipo mais freqüente no mundo, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama são expressivas, sendo o tumor que mais leva as mulheres a óbito, muito provavelmente pelo fato da doença ainda ser diagnosticada em fases avançadas, seguido das falhas da saúde pública. Se diagnosticado e tratado oportunamente as chances de cura são maiores. Estudos apresentam que a doença é relativamente rara antes dos 35 anos, porém, acima desta faixa etária sua incidência cresce significativamente. Estima-se que durante o ano de 2012 tenhamos aproximadamente 52.680 novos casos. Em 2010 o banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apresenta 12.852 casos de morte de câncer de mama, sendo destes 147 homens.

Em 2009, finalmente, entrou em vigor a Lei Federal nº 11.664/2008, que garante às mulheres a partir de 40 anos a realização do exame de mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Lei dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, a detecção, o tratamento e o seguimento dos cânceres de colo uterino e de mama, no âmbito do SUS.

O apoio familiar e de amigos é fundamental para a recuperação de um paciente que enfrenta o câncer.  A mulher é submetida a uma forte pressão psicológica que envolve a percepção da sexualidade e ainda a imagem pessoal, tornando o enfrentamento da doença ainda mais tenebroso. Tive a oportunidade de conversar com a Maíra Santos, proprietária do blog Câncer de mama aos 25 – Diário e Dicas*, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama aos 25 anos e hoje com 27 passa pela fase de hormonoterapia (controle), então resolveu contar sua experiência através de um blog que começou a escrever em junho do corrente. Maíra nos diz que seus pais estavam sempre junto, apoiando, e que esse cuidado é muito importante sim. Tanto pelo lado emocional quanto pelo lado operacional da doença. Como bons pais eles sempre estavam preocupados com meu bem estar. E cada vez que percebiam que eu não estava bem, eles ficavam tristes. Eu percebia isso e também tentava ficar sempre forte e confiante. Por mim e por eles. 

Maíra fez sua cirurgia no hospital de Câncer de Pernambuco, através do SUS, dessa forma nos esclarece que o SUS conta com uma ótima equipe de médicos, enfermeiros e técnicos, os quais são muito experientes. O que falta é estrutura adequada, aparelhos que funcionem e ampliação do quadro de médicos, enfermeiros e técnicos. É a falta de todos esses fatores que causa a famosa super lotação do SUS. 

Novembro Vermelho é um alerta para as mulheres que em outubro aderiram à campanha Outubro Rosa e mesmo assim não se tocaram, e ainda, para o Estado, no sentido que providencie mecanismos eficientes e eficazes de atendimento a saúde da população, com equipes multiprofissionais qualificadas e suficientes para atender esses pacientes e seus familiares. Tendo em vista a precariedade dos serviços públicos de saúde prestados ao povo brasileiro, não há dúvidas da necessidade de adequação do atendimento as demandas atualmente postas e as que vierem a se manifestar, para isso se faz urgente uma articulação comprometida desde os municípios até as demais esferas do governo.

E para as famílias e pessoas que estão na luta contra essa doença, deixo o meu carinho nas sábias palavras de Cora Coralina,

“Desistir… eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério.

É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas,

mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros,

mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.”

*http://cancerdemamadiario.blogspot.com.br/

Noviembre Rojo

Por Lidiane Ramos Leal.

Una amiga de veinte y poco años, colocó en el Facebook una figura muy bonita sobre la campaña Otoño Rosa, me pareció interesante y la compartí con muchas otras personas que se sensibilizaron con la causa. Pasados algunos días, conversando con ella, hablamos del Puente Hercilio Luz (Florianópolis, Santa Catarina), que había recibido una iluminación rosada, en razón de la campaña que tiene como propósito instigar a la prevención del cáncer de mama, y en función del asunto, hablamos de la importancia del autoexamen. En la conversación mi amiga defendió la postura de que todavía no precisaba hacerse el autoexamen, pues era muy joven y esa enfermedad.

El Octubre Rosa tuvo inicios en los años 90 cuando el lazo color de rosa fue lanzado en la carrera por la cura en Nueva York. Actualmente diversos países se adhirieron a la campaña Octubre Rosa transformándolo en un movimiento mundial, que tiene como propósito alertar para la realidad del cáncer de mama, y además, sobre la importancia del diagnóstico precoz. Hoy en día, se pueden percibir, durante el mes de octubre, espacios públicos, empresas y a la población en general involucrados en la causa. Claro que sabemos que la prevención debe ocurrir durante todo el año, para eso, es imperativo que cuidemos de la salud, realizando los exámenes y dándole importancia a la buena calidad de vida, a pesar de las intemperies del sistema. Pero, ¿será que todas esas mujeres que adhirieron a la campaña se realizaron el autoexamen o anotaron en su agenda la mamografía?

En función de datos del Instituto Nacional del Cáncer (INCA), el cáncer de mama es el más común entre las mujeres y el segundo más frecuente en el mundo, situándose apenas atrás del cáncer de piel no melanoma. En Brasil, las tasas de mortalidad por cáncer de mama son expresivas, siendo el tumor que más lleva a las mujeres a óbito, muy probablemente por el hecho de que la enfermedad todavía es diagnosticada en etapas avanzadas, además de las fallas en la salud pública. Si es diagnosticado y tratado oportunamente las chances de cura son mayores. Estudios presentan que la enfermedad es relativamente antes de los 35 años, sin embargo, arriba de esta franja etaria su incidencia crece significativamente. Se estima que durante el año 2012 tengamos aproximadamente 52.680 nuevos casos. En 2010 el banco de datos del Sistema Único de Salud (DATASUS) presenta 12.582 casos de muerte por cáncer de mama, siendo 147 de hombres.

En 2009, finalmente, entró en vigor la Ley Federal No. 11,664/2008, que garantiza a las mujeres a partir de los 40 años la realización de mamografía por el Sistema Único de Salud (SUS). La ley dispone sobre tornar efectivas las acciones de salud que aseguren la prevención, la detección, el tratamiento y el seguimiento de los cánceres de colon uterino y de mama, en el ámbito del SUS.

El apoyo familiar y de amigos es fundamental para la recuperación de un paciente que enfrenta el cáncer. La mujer es sometida a una fuerte presión psicológica que involucra la percepción de la sexualidad y aún la imagen personal, tornando el enfrentamiento de la enfermedad  todavía más tenebroso. Tuve la oportunidad de conversar con Maíra Santos, propietaria del blog Cáncer de mama a los 25 – Diario y Consejos*, ella recibió el diagnóstico de cáncer a los 25 y hoy con 27 pasa por la etapa de hormonoterapia (control), entonces resolvió contar su experiencia a través de un blog que comenzó a escribir en junio de este año. Maíra nos dice que sus padres estaban siempre al lado de ella, apoyándola, y que ese cuidado “es muy importante, sí. Como buenos padres ellos siempre estaban preocupados con mi bienestar. Y cada vez que percibían que yo no estaba bien, ellos se ponían tristes. Yo me daba cuenta de eso y también intentaba poner fuerte y con confianza. Por mí y por ellos”, relata.

Maíra hizo su cirugía en el hospital de Cáncer de Pernambuco, a través del SUS, de esa forma nos aclara que “el SUS cuenta con una óptima equipe de médicos, enfermeros y técnicos, los cuales tienen mucha experiencia. Lo que falta es estructura adecuada, aparatos que funcionen y la ampliación del cuadro de médicos, enfermeros y técnicos. Es la falta de todos esos factores que causa la famosa súper ocupación del SUS.” 

Noviembre Rojo es un alerta a las mujeres que en octubre adhirieron a la campaña Octubre Rosa y aún así no se han dado cuenta de la dimensión del problema, y aún para el Estado, en el sentido de que proporcione mecanismos eficientes y eficaces de atendimiento a la salud de la población, con equipos multiprofesionales calificados y suficientes para atender esos pacientes y a sus familiares. Teniendo en cuenta la precariedad de los servicios públicos de salud prestados al pueblo brasileño, no hay dudas sobre la necesidad de adecuación del atendimiento a las demandas actualmente colocadas y las que vengan a manifestarse, para eso se torna urgente una articulación  comprometida desde los municipios hasta las demás esferas del gobierno.

Y para las familias y personas que están en la lucha contra esa enfermedad, dejo mi cariño con las sabias palabras de Cora Coralina

“Desistir… ya pensé seriamente en eso, pero nunca me tomé realmente en serio.

Es que hay más senda en mis ojos que cansancio en mis piernas,

Más esperanza en mis pasos que tristeza en mis hombros,

Más camino en mi corazón que miedo en mi cabeza.”

 *http://cancerdemamadiario.blogspot.com.br/

Traducción: América Latina Palavra Viva.

Foto: Tali Feld Gleiser.

4 COMENTÁRIOS

  1. Ótima matéria, fiquei emocionado com a sensibilidade. Agora esperamos que escreva sobre o novembro azul também. Abraços!

  2. Adorei sua matéria, as mulheres precisam se concientizar cada vez mais da importância deste exame, pois se diagnosticado no ínicio as chances de cura são maiores. muito importante as informações que você mencionou, parabéns e vamos todas aderir ao novembro vermelho.
    beijos

  3. Muito bom Lidiane, acho que tanto as mulheres quanto os homens ainda hoje sente-se envergonhados e com medo em relação a doenças,principamente estas, mas acredito, somente fazendo algo simbolico como as cores não seja tão eficiente, o outubro pegou, mas talvez agora seja melhor aderir outros tipos de campanha para chegar a todos, se no outubro muita gente ficou de fora, não será deixando o ano inteiro de outras cores que será tão efetivo quanto o outubro. Acredito que a mensagem ja foi passada e que atingiu o seu objetivo, e muitos dos que nem tocavam no assunto, hoje comentam, mas ainda assim a receio da procura de um médico, então acho que ultilizando de outras tecnicas será mais eficiente, do que somente esta, pode até fazer mais que junte com outras, passem de casa em casa, escolas e aonde for preciso.
    Ah e continue abordando assuntos importantes com este.
    Beijo, Juliano.

  4. Sem dúvidas, Lidiane, mais uma vez você buscando pontos muito importantes de serem levantados.
    O câncer de mama é uma doença que mata um grande número de mulheres todos os anos. Mas porque isso ocorre? Por falta de informação? Por falta de infraestrutura dos hospitais? Do sistema? Será que é só isso? Não, de fato existem outros dois fatores primordiais: “O descaso da própria mulher e a ignorância”. Por que levantei essa questão? Simples, eu conheço muitas pessoas que compartilham informações a respeito, mas o auto exame ou mamografia que é bom “NADA”.
    Um certo dia estava conversando com uma mulher de aproximadamente 22 anos e perguntei se ela fazia o auto exame. Fui surpreendido com a seguinte resposta: “Eu não preciso fazer, sou muito nova pra isso”. Bom, analisando que um dos fatores que levam uma mulher a esse tipo de câncer é a exposição excessiva a hormônios, conclue-se que a ocorrência deste pode se dar a partir da menarca (primeira menstruação feminina), certamente com chances bem menores, mas ainda possíveis. Acredito que deveriam existir campanhas que alertassem de forma mais objetiva, não apenas fazendo representações e orientações. É interessante que essas informações fossem levadas em embalagens de sutiã, por exemplo, pra que sempre esteja exposto a informação e que a campanha não seja apenas uma coisa periódica.
    Acho que o auto exame deveria ser um hábito, feito periodicamente, pois ele pode ser feito tranquilamente num banho ou antes mesmo de a mulher se trocar pra sair. Tão simples, mas que infelizmente ainda não é levado a sério.
    Bom, mais uma vez parabéns pelos seus artigos Lidiane, espero que muitas pessoas leiam isso e que façam valer as palavras e exemplos aqui escritos.
    Grande beijo, Charlie!!!

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