Nota de repúdio ao racismo e à mentira

Completamos uma semana do caso de racismo e ataque contra a nossa ocupação. Iniciamos no mesmo dia a nota de repúdio sobre o fato, assim como todas as medidas possíveis, até nos depararmos com uma matéria de desserviço do Jornal Livre.com portal de notícias do MBL (Movimento brasil livre). A dita matéria trazia a versão do ocorrido na visão da coordenadora do MBL em Florianópolis, versão essa completamente sensacionalista e mentirosa. O relato se prendeu aos princípios do movimento que ela faz parte, e esqueceu do compromisso com a realidade, do respeito às pessoas envolvidas. Seu foco foi apenas uma tentativa de criminalizar o movimento das ocupações que vem crescendo na cidade de Florianópolis e atacar aqueles que já estão mobilizados.

Essa nota vem em tom de mostrar nosso completo repúdio ao racismo e também a mentira, relatando o que de fato aconteceu. Na noite de terça-feira, dia 1 de novembro de 2016, o movimento UDESC ocupada pela democracia seguia normalmente com as suas atividades. Naquela noite contamos com a presença da dupla de RAP Eklipzy R&P, que por coincidência traz nas suas letras denúncia do racismo e conscientização social. O som mal tinha começado e já iniciaram as reclamações de barulho, de estar atrapalhando as aulas da ESAG (enquanto isso, dentro da ocupação estavam rolando as aulas preparatória pro ENEM na nossa programação, e o som que estava mais perto dessa aula não atrapalhou e nem impediu que a mesma ocorresse). Ao invés de aguardar que os seguranças do campus da universidade comunicassem o problema e resolvessem a situação, uma estudante da primeira fase de administração resolveu filmar as pessoas que estavam participando da atividade. No mesmo momento a organização já identificou a estudante como participante do MBL, a mesma já tinha segurado a bandeira da sua organização em uma tentativa sem sucesso de provocação do nosso movimento.

Sabemos também da velha tática desta organização, de filmar e fotografar o rosto de manifestantes de esquerda para assim perseguir os mesmos, ameaçar, expor e até mesmo entregar para a polícia. Um grupo de sete meninas da ocupação foi até ela para avisar que não poderia continuar filmando ou fotografando, por motivos de segurança. Inclusive, uma das meninas se prontificou a fazer isso por já conhecer a estudante da época de secundarista na escola, assim a abordagem poderia ser feita de forma mais sincera. E ambas já tinham iniciado um debate via rede social sobre racismo, mas acharam melhor continuar ele ao vivo, viram ali uma possibilidade de um diálogo acontecer. Assim que as sete garotas (mulheres negras na linha de frente) chegaram para falar com a integrante do MBL, explicando a situação, a mesma afirmou que agora estava sendo vítima de racismo. Disse isso para duas mulheres negras, que sofrem os males do racismo diariamente, são obrigadas a enfrentar a falta de espaço e protagonismo negro dentro da universidade, e escutam de uma garota que tem todos os seus direitos garantidos que ela estava sofrendo racismo por causa de um pedido dessas mulheres negras. Mesmo com essa resposta racista, e sabendo também que a garota costuma fazer publicações também racistas nas redes sociais, as meninas se prontificaram a explicar e conversar com ela sobre o que é racismo. Antes de iniciar a conversa perguntaram para ela se aceitaria fazer essa conversa naquele momento, ela disse que sim, com a segurança do campus e áudio gravado como prova.O debate ocorreu tranquilamente, sem ameaças e agressões, com a presença da segurança do campus o tempo inteiro. Até o momento que a estudante que estava fora de sala para reclamar do barulho, lembrou que não tinha respondido a chamada, pediu licença para marcar a presença na aula e afirmou que já voltava. Foi questionada se voltaria mesmo, e respondeu afirmando “sim, eu volto”. O grupo só aguardou do lado de fora da sala, pois ela tinha afirmado que voltaria, que não aconteceu. No lugar disso ela ligou para a Polícia alegando que estava sendo ameaçada, a PM veio até o campus conversou com os guardas, que afirmaram estar tudo sob controle sem nenhum tipo de ameaça ou risco. Com todo o transtorno causado, o pró-reitor de extensão e o pró-reitor de administração vieram conferir o que tinha acontecido. Antes disso um deles já tinha conversado com a estudante que disse estar sendo ameaçada, e disse para ela que dentro da universidade poderia ser resolvido tudo com uma declaração do fato e enviar para a curadoria da reitoria. Completamente diferente de “uma medida disciplinar contra os alunos ocupantes” como ela afirmou que ele disse pra ela no dia, o próprio pró-reitor ao saber dessa notícia veio a público na ocupação afirmar que não tinha dito aquilo. Ambos pró-reitores participaram de uma conversa com o grupo, e inclusive com a turma da menina, que ao terminar a aula vieram conversar com o grupo da ocupação para saber o que de fato tinha acontecido. Relatamos o mesmo que está escrito aqui, onde temos testemunhas que são pessoas que não participam da ocupação, a segurança do campus não mentiria em uma situação dessas apenas para nos proteger. E possuímos áudios gravados da conversa inteira com a garota, comprovando que não existiam ameaças, que quem saiu e disse para esperarem que já voltava foi ela, que o que aconteceu foi uma conversa. Já sabemos que a mesma não está frequentando as aulas por motivo de segurança, uma medida que não foi tomada pela reitoria e sim pelo seu centro, a ESAG.

Somos contrários a uma medida ser tomada dessa maneira, baseada em um relato tão simplista e sem provas, quando não existe chances de ameaça ou agressão. No mesmo dia do ocorrido nos mostramos dispostos a fazer uma mesa de debate sobre racismo, com a turma da estudante, para que ela também participe. Uma mesa para se debater e não para impor idéias. Ficamos tristes ao saber que ela não está frequentando as aulas, não queremos causar um afastamento dela para com o seu cotidiano e atividades, queremos sim continuar dialogando, como sempre fizemos. O relato saiu apenas na semana seguinte do ocorrido por garantia de que o mesmo estivesse condizente com a verdade, escutando os áudios para poder realizar e mostrando para todos os envolvidos na situação.

UDESC ocupada pela democracia.

Contra a PEC 55 (antiga PEC 241), reforma do ensino médio, governo golpista, racismo e a mentira.
OCUPA TUDO!

Fonte: UDESC OCUPADA PELA DEMOCRACIA

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