Debates, rodas de conversa e oficinas ocorreram em dois municípios gaúchos: Porto Lucena e Alecrim
Na última semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou diversos encontros com jovens no oeste do Rio Grande do Sul, região que é ameaçada pelas Usinas Hidrelétricas de Garabi e Panambi. Foram importantes momentos de debate e reflexão relacionados à conjuntura atual e sobre os impactos e violações de direitos humanos promovidos pelas barragens em suas vidas.
No município de Porto Lucena (RS), ocorreram duas atividades com estudantes e professores da Escola de Ensino Médio República Argentina, onde foi apresentado o documentário “Garabi e Panambi: a última batalha do Rio Uruguai”. Após a exibição do curta-metragem, houve um debate sobre os impactos das hidrelétricas no meio ambiente e sobre o “progresso e desenvolvimento” que sempre são associados nas propagandas dos empreendimentos, mas que apenas existem para os que usufruem de seus lucros.
Alguns dos estudantes e professores presentes mencionaram que moram ou possuem parentes que residem nas margens do rio Uruguai, sobrevivendo da agricultura e pesca, e correm o risco de serem atingidos caso a barragem seja construída. Muitos reclamaram da falta de informação sobre a obra, sobre quem serão os atingidos e os valores de indenizações. Também relataram que grande parte dos moradores da região não participou de nenhum espaço de discussão sobre as barragens com os órgãos oficiais e empresas envolvidas, constatando a presença da negação e violação de um dos direitos humanos fundamentais, que é o de acesso à informação e participação.
Também foi socializada com os estudantes a experiência do jovem Marcio Gabriel, militante do MAB da região, sobre a sua visita à Mariana (MG), onde aconteceu o rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP Billiton). Marcio expôs a atual situação das famílias atingidas e o descaso das empresas no processo de reparação.
Já no município de Alecrim (RS), estudantes e professores da Escola de Ensino Médio Assis Brasil visitaram duas experiências que estão sendo construídas com agricultores ameaçados por projetos de barragens, denominadas Sistema PAIS (Produção Agroecológica Integrada Sustentável) e Sistema de ASBC (Aquecedores Solares de Água com Baixo Custo), ambas executadas pela ADAI – Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual, em parceria com o MAB.
Os estudantes conheceram o projeto e a instalação de uma Placa Solar do Sistema ASBC na residência de uma das famílias beneficiadas com o projeto. Além de observarem a montagem, os presentes também puderam conferir as vantagens da sua utilização, que pode proporcionar uma economia de até 40% na conta de energia elétrica das residências. Durante a atividade, houve um debate sobre a existência de outras fontes de geração de energia.
Também em Alecrim, houve um Encontro da Juventude Ameaçada por Barragens, que contou com a presença de jovens de diversas comunidades que compartilharam angústias decorrentes da vinda das barragens, expressando suas preocupações com o rompimento dos laços comunitários, a relação com o rio e a perda material das condições de vida das suas famílias. Durante o encontro, foi realizada uma oficina de estêncil, na qual várias camisetas foram pintadas pelos próprios jovens por meio dessa técnica.
Garabi e Panambi
A partir da luta das pessoas ameaçadas da região, as barragens de Garabi e Panambi foram suspensas por uma liminar na justiça ainda no ano passado. Esta decisão foi considerada uma vitória pelos moradores. Entretanto, militantes do MAB afirmam que é necessário manter a mobilização para manter afastado o projeto.
Fonte: MAB.