O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi formalmente acusado de corrupção, esta terça-feira, horas depois de ter retirado o seu pedido de imunidade ao Parlamento israelita.
A decisão do primeiro-ministro de Israel é conhecida um dia depois da sua chegada a Washington, a convite do Presidente norte-americano, Donald Trump, para conhecer os pormenores de um plano de paz para o Médio Oriente da responsabilidade da Casa Branca.
Trump convidou também o líder da oposição israelita, Bruno Gantz, mas não pediu a presença de responsáveis palestinianos.
“Nesta hora decisiva para o povo de Israel, e enquanto eu estou nos Estados Unidos numa missão histórica para definir as fronteiras permanentes de Israel e garantir a nossa segurança e a segurança de futuras gerações, o Knesset [o Parlamento israelita] iria abrir mais um espectáculo do circo do pedido de imunidade”, disse Netanyahu num texto publicado na sua página oficial no Facebook.
Reafirmando a acusação de que está a ser alvo de uma “perseguição pessoal”, que se tornou numa “obsessão” para os seus críticos, o primeiro-ministro israelita disse que a discussão no Parlamento, marcada para esta terça-feira, “iria prejudicar um momento histórico para o país”.
“Como não vou ter direito a um processo justo, e como o resultado está decidido à partida, decidi não permitir este jogo sujo”, disse Netanyahu.
O pedido de imunidade de Netanyahu parecia destinado a fracassar por falta de apoio no Parlamento, e serviu apenas para impedir que os tribunais formalizassem as acusações contra o primeiro-ministro até esta terça-feira.
Três acusações
Em Novembro, o primeiro-ministro israelita foi acusado em três processos por corrupção, fraude e abuso de confiança. Foi a primeira acusação por estes crimes a um primeiro-ministro em funções na história de Israel.
Num dos casos, Netanyahu é acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança por favorecimento a um grupo de telecomunicações detentor de um site que lhe terá dado cobertura noticiosa favorável.
No terceiro, é acusado de novo por fraude e abuso de confiança: por suspeita de ter prejudicado a concorrência de um jornal que lhe deu boa cobertura noticiosa, o diário de grande circulação Yediot Ahronot, cujo publisher é também acusado.
Esta terça-feira, Netanyahu vai surgir ao lado do Presidente norte-americano, numa cerimónia em Washington, para a divulgação do plano de paz para o Médio Oriente prometido pela Administração Trump desde 2017.
O plano já não era esperado – a janela habitual fechara-se, com vários observadores a notarem como nenhum Presidente americano em pré-campanha iria focar-se num processo de paz no Médio Oriente. Além disso, Israel teve já duas eleições legislativas que terminaram em empate no ano passado, e vai ter uma terceira votação a 2 de Março.
Agora, vários analistas sublinham a coincidência da divulgação do plano com dois processos, um nos EUA, do julgamento no Senado do Presidente norte-americano, Donald Trump, e outro, em Israel, da discussão sobre o pedido de imunidade de Benjamin Netanyahu que enfrenta uma acusação judicial de corrupção.