Os petroleiros convocaram para esta quinta-feira (18) um dia nacional de lutas em apoio à greve dos trabalhadores da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e contra o avanço do processo de privatização da Petrobras. Além da paralisação prevista na refinaria baiana, deverão ocorrer protestos em outras bases da categoria, com a realização de assembleias, atrasos na entrada de turnos
No último dia 8 de fevereiro, a Petrobras concluiu as negociações de venda da RLAM para o fundo de investimentos internacional Mubadala Capital, dos Emirados Árabes. A refinaria foi entregue por US$ 1,65 bilhão (cerca de R$ 8,87 bilhões), montante 50% abaixo do seu valor, segundo cálculos estimados pelo Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Além da flagrante entrega de um patrimônio nacional estratégico, a negociação irá resultar em ainda mais aumentos nos preços de combustíveis e demissões.
Os sindicatos de petroleiros denunciam que a operação entregará boa parte do mercado de combustíveis do Nordeste a uma empresa estrangeira, gerando monopólio privado, o que contribuirá para a alta dos combustíveis no Brasil.
A privatização da RLAM é a primeira de um total de oito refinarias colocadas à venda pela Petrobrás e representa um crime contra o patrimônio nacional e o povo brasileiro.
As oito refinarias colocadas à venda representam cerca de 50% da capacidade de refino nacional, demonstrando que sua entrega para o setor privado é uma grave ameaça ao fornecimento de combustíveis no país.
A RLAM refina 31 tipos de produtos, como gasolina, diesel e lubrificantes, em uma área de 6,5 km². A refinaria atende, especialmente, os estados da Bahia e de Sergipe, além de estados do Norte, mas também exporta produtos aos Estados Unidos, Argentina e países da Europa.
Em negócios pelo mundo, o fundo Mubadala atua em associação com a Shell, a multinacional estrangeira mais beneficiada com o desmonte da Petrobrás.
O anúncio da venda da RLAM é apenas a ponta do iceberg, denuncia o Coletivo Petroleiros Socialistas, filiado à CSP-Conlutas. “É parte da grande negociata em curso com o imperialismo para exportar todo petróleo do pré-sal e o mercado interno se tornar refém da importação de derivados e de um parque de refino nacional dominado pelas multinacionais. O expoente desta política é o PPI (preço de paridade de importação), que penaliza o povo e enche o bolso dos acionistas e agiotas internacionais”, afirmam em nota.
Para o diretor do Sindipetro-RJ e dirigente da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), Eduardo Henrique, a luta contra a venda da RLAM não pode ser apenas dos petroleiros baianos, mas deve ser unitária e nacional de todos os petroleiros e de toda a classe trabalhadora.
O Coletivo Petroleiros Socialistas propõem à FUP, FNP e todos os sindicatos que convoquem um encontro nacional com ativistas eleitos que representem todas as unidades da Petrobrás a fim de construir um calendário nacional de luta, rumo à greve nacional petroleira com parada de produção.
“Para derrotar efetivamente os planos de privatização da Petrobrás é preciso uma greve que questione a política de preços dos derivados e a entrega dos ativos da Petrobrás, uma mobilização de petroleiros junto com as demais categorias como bancários, eletricitários ou correios, que, junto ao movimento de massas, coloque para fora o governo Bolsonaro e Mourão”, defendeu o dirigente.
Com informações: Sindipetro-RJ, Sindipetro-SJC e FNP
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