Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Eu o abracei como se não mais pudesse soltar. Segurei firme mas era como se a dor me fugisse pelos olhos, entre os braços, pelos dedos trêmulos.
A dor me rodeou de uma maneira que não foi possível distancia-la de ninguém. Um a um chegava, olhava e deixava sua dor misturar, envolver com as outras.
Ah, tristeza. Achei que tu eras de longe, uma mentira do tipo: passageira. Pensei, logo: és uma brincalhona. Aquela que fala, fala e depois se descobre que tudo fora planejado na inverdade, às vezes com inocência, outras não.
Alguém balançou a cabeça para mim em sinal de sim. Foi um sim de dureza. Eu continuei abraçando sem saber se me rendia a vontade de chorar ou ficava ali, como um muro forte.
Mas sabem. Ninguém precisa ser um muro. Devemos seguir como sereshumanos.
Desde que se encantou, a menina Fabiula, companheira nossa de tantas lutas, me deixou com: nenhuma palavra. Tentei escrever faz uns dias, mas nada me vinha. Na visita aos pais ontem também não tinha muito o que dizer.
Mas essa situação me ensinou agora que cuidar da vida é verbo conjugado.
No finzinho de todas as tardes me vem aquele chorinho manso de saudades. Daí olho ao redor e penso que sentir saudade é algo bom. A gente sente por quem ama.
Está aí uma coisa que quero levar pra vida. A tua saudade no meu coração de militante.
É como diz um velho amigo meu: Vida e morte dura. Não é fácil. Ela que sempre confiou quando me deixava entrevistar, que dividia o amor pelas causas.
Logo eu que tenho tantas palavras sempre, hoje estou com apenas algumas, esforçando-se para sair.
Fabiula, Presente!
Claudia Weinman é jornalista, diretora regional da Cooperativa Comunicacional Sul no Extremo Oeste de Santa Catarina. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).