Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Desumano, cruel, malvado, desalmado, perverso, bárbaro, atroz. Tem vários sinônimos. Copiei apenas uma linha.
Não é elementar. Nem mito. Não é lenda, fantasia que a cabeça possa criar. É estrutural, por isso, desumano sim. Poderia chama-lo de monstro. Mas, esse, por sua vez, vive nas manifestações culturais de várias origens podendo ser fictício ou carregado de algum fundo de verdade.
Não posso chamá-lo apenas: “Homem”. Menos ainda: “Mulher”. Mas posso dizer que ele não é assim, tão silencioso. Por vezes, torna-se um câncer mesmo, muito embora não seja “doença”. Invade sim, tecidos e órgãos, porém, multiplica-se, multiplicou-se, ordenou-se, predominou, tornou-se: Patriarcado.
O machismo. Foi à primeira matéria que publiquei no dia: “Mais de 100 casos de feminicídio nos primeiros 20 dias desse ano”.
Tocou-me a vida. É parte de mim, de ti, nesses casos todos.
Não é silencioso. Se fere, machuca, faz chorar, se deixa nervosa, se causa depressão, se prejudica a saúde, se mata na hora, se leva aos poucos. Deve ser combatido, na casa, na rua, no trabalho, na militância, no movimento, nas ideias, na vivência.
Nem eu, nem elas, desejamos ser a “proletária do proletário*”. Nenhum homem do meu lado, do teu lado, deve concordar em manter essa estrutura que chamo sim, de morte. Não é simples, se fosse, tudo seria diferente. Mas é necessário insistir, lutar.
Romper com ele gera dor, mas não será mais dor se essa questão for intermitida. Isso precisa acontecer. É questão de vida, é tema de saúde, é origem do que falamos quando escrevemos ou pronunciamos a palavra: Transformar.
Com o machismo não se negocia.
*Com palavras de Flora Tristan ao citar a “proletária do proletário”.
_
Claudia Weinman é jornalista, diretora regional da Cooperativa Comunicacional Sul no Extremo Oeste de Santa Catarina. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).