Redação.- Evânia Reich recebeu no JTT de quarta, 23 de outubro, Érico Andrade, professor de filosofia na UFPE e psicanalista, para conversar sobre o seu livro Negritude sem identidade, onde ele faz uma abordagem teórica sob ponto de vista da filosofia e a psicanálise.
O livro tem três partes: a primeira é sobre a construção na noção de raça, como a filosofia constrói isso e como a ciência constrói essa noção de raça.
Na segunda, aborda-se como a negritude sempre resistiu à ideia de raça, como pode ser o exemplo do quilombo, uma experiência não identitária porque no quilombo havia indígenas, pessoas negras que era a maioria e até pessoas brancas. Mas a experiência quilombola é uma experiência da não identificação porque as pessoas negras eram aprisionadas, escravizadas e elas eram pertencentes aos senhores. Lá no quilombo, as pessoas perdiam esses elos a partir dos quais elas foram constituídas subjetivamente no Brasil, portanto elas começavam a construir outra experiência de negritude, que não tinha nenhuma relação com aquela que elas estavam sofrendo como pessoas escravizadas. Nesse sentido, é bem importante perceber que as pessoas viam de diferentes lugares da África e quando elas chegaram ao Brasil e se misturaram com as pessoas que já estavam aqui, se dá uma experiência de negritude que é singularmente brasileira, que não é uma experiência que dá para repetir em outros lugares. Nesse sentido, não pode haver a identidade racial porque a raça tem uma pretensão de universalidade, a ideia de negro como raça é uma ideia que quer transpassar qualquer lugar do globo, justamente para justificar o tráfico de pessoas escravizadas, se não, não tem como ter tráfico.
Assista à entrevista completa no vídeo abaixo: