Negritude, decolonialidade e sétima arte na II Mostra de Cinema Negro de São Félix

Imagem: reprodução

Por Verbena Córdula.

Embora invisibilizado e, por vezes, ignorado pela maioria dos festivais nacionais, o cinema negro existe, é ativo e sua função vai mais além do mero entretenimento: é um dos modos de resistir e reivindicar a valorização da cultura afro-brasileira. E, no atual contexto nacional, em que a cultura tem sido desprezada e amaeaçada, insistir e resistir é a palavra de ordem. Neste sentido se insere a II Mostra de Cinema Negro de São Félix, no Recôncavo Baiano, que terá lugar nos próximos dias 25 a 28.

“Nossas vidas na tela” é o tema da II Mostra de Cinema Negro de São Félix, voltada para a divulgação da produção cinematográfica de realizadoras e realizadores negros. A mostra contará com a exibição de filmes de todo o Brasil, além de bate-papo com realizadores/realizadoras.

Treze títulos concorrem à categoria “Mostra Competitiva Nacional”, cuja premiação será concedida através do júri oficial e júri popular. Outras quatro produções concorrem entre si na categoria “Mostra Competitiva Infanto-Juvenil” e ainda “Mostra de Videoclipes”, essas duas com votação realizada através de júri popular.

Decolonialidade em destaque

A programação, extensa e rica, conta com a participação especial de Ana Beatriz Almeida, um dos destaques do evento, que ministrará a masterclass “Black is King: uma análise decolonial”. A decolonialidade é um instrumento de luta em favor da liberação do conhecimento das amarras do eurocentrismo, a partir da valorização e visibilização das culturas subalternizadas. E nada melhor que o cinema e as demais artes para desempenhar esse papel.

Ana Beatriz, cujo trabalho está direcionado para as manifestações e diáspora africanas, é performer, pesquisadora, Mestre em Estética e História da Arte pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e co-fundadora da 01.01 Art Platform. Ela fez residência curatorial em Gana, Togo, Benin e Nigéria, através das quais reconectou-se à parte de sua família que retornou ao Benin durante a escravidão. Além disso, trabalhou como pesquisadora na UNESCO e também é Curadora convidada no Glasgow International 2020/2021. A masterclass será totalmente gratuita e aberta ao público, com transmissão no dia 27 de fevereiro às 14h.

A II Mostra de Cinema Negro de São Feliz contará com as participações de representantes de 15 estados brasileiros. A Mesa de Abertura do evento, que acontecerá no dia 25, às 19h, contará com as participações de Jorge Washingron e Valdneia Soriano, com o tema “Performance negra: do palco à tela” e contará com a mediação do Portal Lista Preta.

A primeira edição do evento, que aconteceu no mês de novembro de 2019 e integrou a programação do Dia da Consciência Negra proposta pela Prefeitura Municipal de São Félix ocorreu de forma presencial. No entanto, em consequência da pandemia da Covid-19 esta segunda edição será realizada de forma online. Toda a programação é gratuita e pode ser acomanhada através do site www.cinemanegrosf.com. A programação completa e todas as etapas da mostra estão nos perfis da II Mostra de Cinema Negro de São Félix no Instagram (@cinemanegrosf) e no Facebook (www.fecebook.com/cinemanegrosf).

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