Negacionista: João Rodrigues e o colapso em Chapecó, no Oeste Catarinense

Foto: Facebook prefeitura de Chapecó/Assessoria de imprensa. Acesso em: https://www.facebook.com/prefeituradechapeco.

“Queremos colocar a cidade funcionar, todo mundo tem que trabalhar, não queremos parar nada”. João Rodrigues, 06 de janeiro de 2021.

“Chapecó vive uma agonia sem tamanho. Nunca vivemos o que estamos vivendo hoje. Nos últimos 15 dias a situação tem se complicado a cada minuto que passa. As pessoas buscando desesperadamente um leito hospitalar, uma UTI”. João Rodrigues, 16 de fevereiro de 2021″.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info.

O governador Carlos Moisés cumpriu agenda em Chapecó hoje, 16 de fevereiro, em razão do colapso no sistema de saúde. São 19.175 casos confirmados de covid-19 e 161 mortos na cidade, segundo boletim divulgado nesta terça-feira, pela página oficial do município de Chapecó.

Em matéria publicada no domingo, no site do Governo do Estado, foi informada a realização de uma força-tarefa em Chapecó e que estariam envolvidas: “além das equipes do Governo do Estado, o Ministério da Saúde, prefeituras da região, Comissão Intergestores Regional (CIR) e outros integrantes. A Força Aérea Brasileira (FAB) fará o apoio operacional”.

Ainda segundo a matéria, dos 53 testes realizados em Chapecó no domingo pela manhã, 73% deram positivo para a Covid-19. “Nos últimos dias, os atendimentos em Chapecó passaram de 250, em média, para mais de 700, nos dois ambulatórios de Campanha e UPA 24h“. O Governo do Estado informou ainda que 75 pacientes teriam sido transferidos para outros lugares de Santa Catarina desde janeiro, sendo 45 só no início do mês de fevereiro.

Coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira em Chapecó, o prefeito João Rodrigues anunciou o pedido de 100 mil doses de vacina para a cidade, pedido esse que teria sido feito em ligação para Jair Bolsonaro. “Eu pedi, que além do que o Estado fará, tem uma coisa que eu pedi que vai salvar muito rapidamente todos nós: vacina. Nós pedimos 100 mil doses de vacina para Chapecó”, disse.

O Governador Carlos Moisés divulgou que estão sendo transferidos para o Oeste Catarinense diversos itens de equipamentos, como ventiladores mecânicos, monitores, para que novos leitos de UTI possam ser criados. Até sexta-feira desta semana, a expectativa é do estabelecimento de mais 27 leitos de UTI dentro do HRO – Hospital Regional do Oeste, e na semana seguinte aumentar esse número para 34. Carlos Moisés também anunciou mais cinco leitos de UTI para a cidade de Xanxerê, também ampliação de leitos clínicos na região. Em Xaxim segundo ele, ocorreu um ajuste para mais 10 leitos clínicos. Ele destacou ainda a criação de 150 leitos clínicos a partir dos municípios de Ponte Serrada, Coronel Freitas, Faxinal dos Guedes, Cunha Porã e Palmitos.

Moisés disse ainda que haverá um custeio em parceria com o Governo Federal de R$ 1600,00 por cada leito de UTI que o Estado tiver instalado de 1 janeiro de 2021 até 31 março. O governador também disse que até o final do mês de julho espera-se que  2,4 milhões de catarinenses sejam vacinados contra o coronavírus.

Moradores relatam a situação

Em conversa com o professor e morador de Chapecó, Leonardo Santos, 39 anos, ele destacou que desde domingo está com sintomas de covid-19, porém, não consegue atendimento. “Estou com muita dor no corpo. Ontem eu iria até o hospital de campanha, mas aí eu liguei antes para a prefeitura e orientaram esperar até hoje (terça-feira). O turno da tarde hoje nas UBS (Unidade Básica de Saúde) era pra atendimento apenas de quem tinha sintomas de Covid. Cheguei às 13h30 no posto e já tinha muita gente esperando na parte de fora. Uma enfermeira me recebeu e orientou voltar pra casa porque não teria como atender mais ninguém hoje. Voltei pra casa e estou a descansar. Se não melhorar, amanhã vou ter que ir no hospital de campanha“, relatou.

Negacionismo custa vidas

Importante lembrar que o negacionismo especialmente em contexto de pandemia, custa vidas e no dia 06 de janeiro, o prefeito João Rodrigues realizou a divulgação de um decreto no auditório da prefeitura de Chapecó/SC, com transmissão ao vivo pela página da prefeitura no Facebook, e a presença de empresários, proprietários de restaurantes, bares, hotéis e outros.

Naquele momento, João Rodrigues defendeu que bares e restaurantes poderiam fechar seus estabelecimentos como bem entendessem e seus alvarás permitissem. Lavou as mãos para uma cidade com quase 15 mil casos (registrados) e quase 130 óbitos por covid-19 naquele período. Ele mencionou na ocasião: “Fechar e isolar aumenta o problema“, acrescentando ainda: “O maior contágio do covid é dentro de casa, não é na rua. O lugar que menos se tem o contágio é dentro das empresas“.

João Rodrigues falou ainda que só não avançaria em outras pautas, como a liberação da entrada da torcida na Arena Condá, pois precisaria de uma reunião com o comitê de combate ao coronavírus da cidade.

Boletim desta terça-feira, dia 16 de fevereiro

Chapecó possui 2.241 casos ativos de Covid-19, conforme boletim publicado nesta terça-feira. Internadas em UTI, encontram-se 164 pessoas, sendo 41 em leitos públicos e 17 em leitos privados além das 88 em enfermaria, sendo 31 em leitos públicos e 57 em leitos privados.

Boletim divulgado hoje, pela página oficial da prefeitura de Chapecó.

Situação é preocupante também em São Miguel do Oeste, cidade polo do Extremo-oeste de Santa Catarina:

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1 COMENTÁRIO

  1. muito além das fatalidades imediatas, existem as sequelas permanentes e as mortes subsequentes. 1/4 dos que vão para UTI acabam morrendo em ate 6 meses, decorrencia da doença.

    assim…negacionismo é GENOCIDIO

    quem ama cuida

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