“O racismo não é uma alternativa”, “O ódio não é uma opinião”, “Nunca mais!” ou “Nazis Fora” foram alguns dos slogans escritos e entoados nas vigílias de homenagem às vítimas dos ataques de quarta-feira.
Milhares de pessoas trouxeram velas, flores e mensagens de solidariedade com as vítimas e de repulsa pelo racismo que está a atingir níveis de violência cada vez mais perigosos no país. Todas as nove vítimas mortais nos dois bares atacados a tiro eram migrantes, embora alguns tivessem a nacionalidade alemã. Cinco deles eram originários da Turquia.
O presidente alemão Frank-Walter Steinmeier participou na vigília da cidade de Hanau, onde ocorreu o massacre, condenando “o ato brutal de terror” e dizendo-se encorajado por ver tantos milhares de pessoas a participarem nestas vigílias por todo o país. “Estamos juntos, queremos viver juntos e mostramo-lo várias vezes. Essa é a forma mais forte de combater o ódio”, afirmou Steinmeier após depositar uma coroa de flores junto a um dos bares alvo do ataque.
As manifestações de luto e solidariedade ocorreram também em eventos públicos, como os jogos de futebol a contar para a Liga Europa, com um minuto de silêncio antes do apito inicial. O mesmo aconteceu na gala de abertura do Festival de Cinema de Berlim.
Se a condenação dos ataques foi comum a todos os partidos, a extrema-direita da AfD foi a única a tentar desvalorizar as motivações racistas do seu autor, ao negar tratar-se de um atentado de extrema-direita e atribuindo-o à ação de “um louco”.
Para a esquerda do Die Linke, o recrudescimento dos atentados racistas como o de Hanau “não são casos aleatórios”. A ideologia fascista “é o elemento de ligação entre os assassinatos, os ataques frustrados e as redes expostas dos últimos meses e anos”, afirmam Eva Bulling-Schröter e Ates Gürpinar, dirigentes do partido na Baviera, apelando à união da sociedade no combate à extrema-direita.
O atirador identificado como Tobias R., que se terá suicidado após matar a própria mãe, a décima vítima da noite sangrenta, deixou um texto em forma de manifesto a destilar ódio racista misturado com teorias da conspiração e declarações de admiração por Donald Trump, segundo a revista Der Spiegel.
Esta sexta-feira, o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, condenou o “ataque terrorista com evidente motivação racial” e anunciou o reforço policial em todo o país, em especial junto a mesquitas e estações de transportes públicos, numa tentativa de prevenir novos ataques. Seehofer lembrou que este foi “o terceiro ataque da extrema-direita em poucos meses”.