Na sexta-feira (9), foi fundada a 1ª Cooperativa de Produção em Comunicação e Cultura do Brasil. A Assembléia Fundacional foi realizada em Florianópolis e contou com a presença de quase 100% de seus cooperados, sendo que alguns deles encararam (muitas) horas na estrada para prestigiar o fato histórico. Nosso encontro também foi acompanhado por muitos colegas de longe, como Honduras e Nova Iorque, já que o Desacato fez a transmissão ao vivo do evento.
O estatuto da cooperativa foi aprovado por todos, formaram-se os conselhos administrativo, fiscal e ético e Raúl Fitipaldi foi escolhido como o presidente da entidade. Destacou-se que qualquer artigo do estatuto é revogável a qualquer instante, assim como os cargos dos conselhos; e que a autogestão será guiada pela transparência, democracia e liberdade. Ao menos uma assembleia por ano será transmitida ao vivo e a gestão financeira será divulgada todo mês.
Durante o encontro, assistimos a vídeos de homenagem e parabenização e também foram lidas mensagens de colegas de todos os cantos do mundo: Venezuela, Peru, Honduras, Equador, Argentina, País Basco, Estados Unidos, Paraguai, República Dominicana, Florianópolis, Rio de Janeiro, Blumenau, entre outros.
A seguir, publico breves palavras (escritas às pressas) para marcar esse início:
“Estava no meu trabalho e, como de costume, acompanhando a movimentação de e-mails na caixa de entrada, quando recebi a notícia, por meio do grupo de e-mails do curso de Jornalismo da UFSC, onde me formei há alguns meses, sobre o resultado do processo de seleção para o Curso Abril, que contou com 2.600 inscrições. Constatando que dos 57 “novos talentos” escolhidos, nenhum era do nosso curso – aliás, não havia ninguém de Santa Catarina, um dos alunos exclamou “otários”. Não entendi se estava falando do pessoal da Abril, dos alunos que passaram no processo seletivo ou dos que não passaram, mas enfim, liguei o tema à fundação da nossa cooperativa.
Não quero abordar agora o mérito de cursos como esse e nem seus tenebrosos processos de seleção. Eu não me inscrevi para concorrer a uma vaga lá, não que isso não tenha passado pela minha cabeça por todos esses anos, desde que decidi ser jornalista, mas nesse caminho, percebi que temos outras possibilidades e que se não tivermos, podemos muito bem criar. E acredito que nossa cooperativa é isso: alternativa.
Por que eu tenho que ir para onde todo mundo vai? Por que eu tenho que estar nos meios chamados mais tradicionais? De que maneira isso satisfaz minha função social, meu compromisso com a sociedade? Pra onde vão todos os questionamentos da sociedade, que esses veículos e os governantes insistem em não responder?
Do meu ponto de vista, essa cooperativa não é apenas a MINHA alternativa, ela é de quem ela deve servir: a população. Aqueles que não têm espaço, que não são visto e ouvidos. São as pessoas ao meu redor. É uma troca, que só acredito que será verdadeira, se for independente de bandeiras, partidos políticos, teorias e blá, blá, blá. Já sabemos, contudo, que é necessário que haja colaboração, tolerância, respeito, pois o processo é de aprendizagem.
Se vai dar certo, não sei. Se for depender do apoio que temos recebido, provavelmente sim. Se vamos ficar ricos? Bom, provavelmente não, mas aí depende do ponto de vista de cada um em relação à riqueza. Para mim, a riqueza oriunda do trabalho é a satisfação. Se seguirmos assim, esse é o caminho eo destino é a Soberania Comunicacional Popular, num contexo livre, democrático e independente.
Desejo a todos muito trabalho e sucesso. Que a cooperativa cresça saudável e o Desacato continue agregando cada vez mais diversidade de conteúdo e colegas por todo o mundo.
Um abraço,
Larissa Cabral
Fotos de Marsal Silveira.
Produção de imagem: Tali Feld Gleiser.
Parabéns a tod@s pelo trabalho. Muito me alegra poder ler uma notícia como essa, assim como a todas que acompanho pelo site. Sigamos!
Obrigado Wagner. Esperamos que podamos servir melhor e de forma mais abrangente no correr do tempo.
Abraços
Este momento histórico que compartimos os membros da Cooperativa; este afã intenso de servir à construção da Pessoa Nova; esta hora precisa na qual toda verdade pétrea se quebra no ar e amanhece uma Nova Época, torna-nos, felizmente, em humildes ferramentas da afirmação do Direito de Escutar e Ser Escutado, do Direito de Ir e Vir das idéias para uma sociedade justa. Como mais um tripulante desta navegação, agradeço a cada um dos companheiros propiciar esta aliança indissociável entre o discurso e a prática. Um beijo amoroso em vocês. Viva Desacato, Viva a CPCC, Viva a Soberania Comunicacional e Popular.