Não tem dinheiro? A saída é emitir dinheiro

Foto: Reprodução.

Por Gilberto Maringoni.

Há poucos dias, o Boçal, da rampa do palácio do Planalto, ao ser perguntado sobre cortes orçamentários, respondeu:

“O Brasil inteiro está sem dinheiro. (…) Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados. Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano. Não tem dinheiro e eu já sabia disso”.

O que Bolsonaro fala é uma gigantesca empulhação. O que deve fazer um governo quando se vê sem dinheiro?

Emitir.

Imprimir dinheiro.

Rodar a maquininha da Casa da Moeda.

É para isso que existe Banco Central.

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País com moeda soberana, com gastos e dívidas em moeda soberana, com imensa capacidade ociosa, com um enorme exército industrial de reserva (desemprego batendo os 14%), tem de imprimir dinheiro para poder gastar. (Atenção: emissão é prerrogativa do Estado. Bancos privados não podem emitir através de mil e um subterfúgios, como usualmente ocorre).

Em uma economia com demanda reprimida, mercado interno em encolhimento e à beira de recessão, o risco inflacionário é mínimo. Um país não funciona como uma casa de família, como o Boçal e todos os políticos empulhadores tentam nos fazer crer. Famílias não emitem dinheiro. Países sim. Famílias têm pouca elasticidade no gasto. Países têm ampla elasticidade, determinam a taxa de juros de suas dívidas e precisam ter solvência no longo prazo.

A austeridade numa situação como a atual é completamente inútil. Austeridade pede sempre mais austeridade, numa espiral descendente sem fim. A saída é interromper o mergulho e crescer. É preciso crescer. É possível crescer para gerar emprego, renda e financiar serviços públicos.

Essa é uma decisão fundamentalmente política e não econômica. Essa é a decisão que Franklin Roosevelt tomou ao assumir o poder, em 1933, diante da grande depressão. Imprimiu dinheiro e expandiu o gasto (investimento) público. A crise só foi debelada quando o gasto atingiu seu auge, em 1940, num acelerado esforço de guerra.

Roosevelt seria chamado hoje pelo colunismo econômico pilantra de partidário da gastança.

Governantes em países capitalistas se dividem fundamentalmente entre Roosevelts e Hoovers. A referência é a Herbert Hoover, que governou os Estados Unidos de 1929 a 1933. No auge da depressão, o republicano tomou duas medidas de forma destrambelhada. A primeira foi não fazer nada para ver o que acontecia. A segunda foi iniciar uma política de cortes e redução orçamentária. O desastre foi espetacular.

Infelizmente, nos últimos anos tivemos no Brasil alguns Hoovers e nenhum Roosevelt.

(A partir de uma conversa com Antonio Martins, Artur Araújo e Diogo Fagundes)

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

1 COMENTÁRIO

  1. Concordo fazendo um reparo: a base monetária cresce mediante crédito que é Moeda aos preços que conheces, juros no cheque especial e cartão de crédito de 300% ao ano; os juros para a industria e comércio não ficam atrás são os maiores da galáxia. Funciona assim como no New Deal de Franklin Roosevelt em 1929 diante da recessão produzida pela quebra da Bolsa em Wall Street: O congresso dos USA cria o FED xuma instituição de economia mista mas de governança independente acabando com a autoridade monetária de milhares de Bancos que emitiam moeda! O FED, Banco Central dos USA na realidade 5 passa ser autoridade monetária emitindo o dólar lastreado em Ouro armazenado em Fort Knox. Essa moeda vai para o governo que aplica em obras de infra estrutura gerando empregos e reativando a economia. O que é a divida interna? Moeda emitida na forma de crédito para op governo com garantia do Tesouro Nacional remunerado pela tal de taxa SELIC também a maior da Galáxia comparativamente. Ou muda o sistema ou não sairemos do atoleiro principalmente agora que colocaram um porra louca miliciano na presidência

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