Por Renato Rovai.
A tese do momento nas conversas entre militantes progressistas é a de que a cláusula de barreira e a proibição de coligações nas chapas proporcionais vão “obrigar” os partidos a lançarem candidatos próprios aos executivos municipais.
O nível de irresponsabilidade com o país e o umbiguismo pragmático ultrapassou todos os limites.
A miséria aumentando exponencialmente, a violência policial se tornando cena comum, o desrespeito aos direitos humanos assumindo o Estado, líderes ambientalistas e de movimentos sociais sendo presos sem justificativa, jornalistas ameaçados, mas boa parte das burocracias dos partidos progressistas está preocupada com o espaço que detém em suas máquinas. Com os processos eleitorais futuros.
A incapacidade desses líderes de compreensão do que é o fascismo e de como ele avança é assustadora. O fascismo corrói a sociedade por cima e por baixo. E quando parece mais ameaçado pode se tornar ainda mais perigoso.
Para deter processos fascistas sempre foi fundamental a construção de amplas frentes. Foi necessário que Churchill e Stalin se unissem pra derrotar Hitler. Nem é de frentes tão amplas que estamos precisando neste momento para conter Bolsonaro.
Neste momento frentes progressistas avançando para o centro aonde vier a ser possível podem impor muitas derrotas aos bolsonarismo que vai se esconder em milhares de candidaturas por diferentes partidos Brasil afora. Candidaturas de inspiração fascista.
Se essas frentes não vierem a ser construídas com amplos debates na sociedade, os partidos progressistas serão meros coadjuvantes em 2020.
Elegerão um número menor de prefeitos e vereadores e verão seus projetos políticos serem abalados para 2022.
Ou seja, não terão nem uma coisa nem outra. Vão perder os anéis e os dedos. Parte das estruturas partidárias e base social política.
Há inúmeras formas de se construir essas frentes. Com generosidade e projeto coletivo amplo é muito mais simples do que parece. É preciso colocar a sociedade à frente deste projeto maior. E saber que os partidos, quando progressistas, devem ser apenas instrumentos para a defesa da democracia e a transformação social. Não um fim em si mesmo.
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