Ainda não há datas confirmadas para que a Índia forneça as 2 milhões de doses negociadas da vacina AstraZeneca/Oxford. A informação de fontes diplomáticas, segundo coluna de Jamil Chade, ocorre ao mesmo tempo que o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se com o embaixador indiano no país, Suresh K. Reddy. Depois do encontro, não houve a confirmação, por parte do governo, de que as doses chegarão ao país.
O Brasil fechou um acordo milionário com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford para a aquisição da vacina, produzida pelo laboratório indiano Serum. Contra todos os protocolos de segurança nacional, na semana passada, o Itamaraty divulgou o avião, com a data, que traria os imunizantes do país.
Ao tomar conhecimento do voo, o governo do primeiro-ministro Narendra Modi afirmou que era “cedo demais” para enviar as doses e que era preciso garantir, antes, a vacinação interna da Índia.
Depois do episódio de fracasso diplomático, Bolsonaro mininizou, afirmando que o cronograma de entrega das doses poderia atrasar “dois, três dias”. “Não foi decisão nossa, atrasar em um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá (na Índia), porque lá também tem as pressões políticas de um lado ou de outro”, disse o presidente, na sexta.
Agora, na manhã desta segunda (18), o mandatário disse que estava indo “atrás” dos contratos das vacinas que não foram entregues.
“A Anvisa aprovou (a vacina), não tem o que discutir mais. Agora, havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também que era pra ter chegado a vacina aqui”, disse Bolsonaro. Horas depois, ele recebeu o embaixador da Índia no Brasil, Suresh K. Reddy, em reunião fora da agenda oficial.
Enquanto que essa é a versão divulgada por Bolsonaro e pelo Itamaraty, de que as doses chegariam ainda nesta semana, a análise dentro da pasta é outra. “Diplomatas admitiram que, nesta segunda-feira, não existe ainda um plano claro de quando os insumos poderiam ser enviados e nem de quando o avião seguiria para a Índia”, divulgou Jamil Chade.
Os próprios jornais indianos revelam que o abastecimento deve priorizar, além do país, as fronteiras e nações vizinhas, como Butão, Bangladesh, Nepal, Mianmar, Sri Lanka, Afeganistão. Reportagem do jornal Times of India afirma que só depois de um gesto dado pelo governo indiano a estes países é que seria liberada a exportação a outros países.
E o Brasil não é o único da fila. Foram fechados contratos com a África do Sul, Marrocos e Arábia Saudita. O laboratório indiano previa o envio para o Brasil em duas semanas, sem uma confirmação concreta.