‘Não falamos de um crime de 1975, a violência de Estado ocorre hoje’, diz filho de Vladimir Herzog

Por Maria Teresa Cruz.

Aquela máxima de que “a história não os absolverá” pode estar perto de se confirmar no caso do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. O crime está sendo julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, já que lei da Anistia impediu que torturadores do regime militar respondessem pela morte de Herzog. O jornalista foi assassinado em outubro de 1975, no DOI-Codi, por militares, depois de passar por uma longa sessão de tortura.

O IPM (inquérito policial militar), no entanto, considerou que Vlado se matou. A foto de Herzog com a corda no pescoço e pendurado em uma janela, de autoria de Silvaldo Leung Vieira, que ficaria famosa por evidenciar o suicídio forjado pela ditadura, não foi suficiente para modificar a conclusão da investigação dos militares.

Agora, a Corte Interamericana de Direitos Humanos retoma o caso Herzog e julga a responsabilidade do Estado brasileiro nesse crime, que marcou para sempre uma família e tenta reparar uma das maiores injustiças da história do nosso país. A viúva de Herzog, Clarice, símbolo da luta em honrar a memória do companheiro, depôs na Costa Rica, onde acontece o julgamento, nesta semana.

Ivo Herzog, filho mais velho de Vlado, disse que responsabilizar o Estado nesse caso não é por algo do passado, mas justamente do presente, já que as violações dos direitos humanos pelo braço armado do Estado continuam acontecendo: “O que a gente viu recentemente foi a Justiça brasileira anulando o julgamento do Carandiru. Tivemos há dois meses policiais inocentados naquele crime em que foi filmado um policial arremessando um rapaz do telhado de uma casa e outro sendo executado. O Ministério Público do Estado de São Paulo é o guarda costas das forças de segurança”, afirmou Ivo.

Fonte: Ponte Jornalismo.

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