No dia 24/09/2018 a Câmara de Vereadores autorizou a cessão por 30 anos de uma área pública de 350 mil metros quadrados para a construção de uma Marina na Beira-mar Norte. Para dar uma aparência de “legitimidade popular” a bancada da situação fez uma audiência pública no dia 19/09, poucos dias antes da votação e em horário comercial, para “debater” um projeto que se concretizado afetará a vida de tod@s e alterará profundamente o meio ambiente e a paisagem da cidade.
O projeto desta Marina prevê vagas para 684 embarcações (624 privadas e 60 públicas), sendo que serão necessárias 624 vagas para estacionamento de veículos. A ideia é construir um enorme estacionamento subterrâneo localizado entre o trapiche e o pequeno prédio da Casan. Este estacionamento vai trazer um grande fluxo de carros para um dos locais mais congestionados da Ilha segundo o Plamus (Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis), em uma das cidades que mais sofrem com a mobilidade urbana no país. Aspecto que foi totalmente ignorado tanto pelo corpo técnico que avaliou o projeto,quanto pelos vereadores que o aprovaram. Não podemos também deixar de mencionar o nível de poluentes produzidos por carros na Beira-mar norte.
Além dos problemas com a mobilidade urbana e a poluição dos veículos, temos ainda a dragagem, processo que visa escavar o fundo do mar, ampliando sua profundidade para permitir que as embarcações se desloquem sem encalhar. Será necessário retirar uma imensa quantidade de solo do mar, fazendo com que substâncias tóxicas presentes nesta lama voltem para a água, atingindo a biodiversidade e a saúde do ecossistema. Sem falar no aumento do trânsito deembarcações, óleo e ruído no mar. A pesca será prejudicada, e animais filtradores como as ostras poderão acumular as substâncias tóxicas desta atividade, refletindo na maricultura, importante atividade econômica da qual dependem centenas de famílias.
Pelos motivos expostos dizemos não ao projeto desta “Megalo-Marina”! Nos colocamos lado a lado com o pescadores da Associação de Pescadores do João Paulo (segunda maior colônia de pescadores artesanais de Florianópolis) que neste sábado, 01/12, organizarão uma manifestação contra a Marina, às 10h da manhã no Trapiche da Beira-mar Norte. Também apoiamos a realização da Reunião Ampliada sobre o impacto da Marina da Beira-Mar Norte nas práticas das comunidades tradicionais pesqueiras da Ilha, aprovada por demanda dos pescadores em Sessão da Câmara de Vereadores, ocorrida em 27/11.
Cientes dos impactos negativos que a Marina terá em suas vidas, os pescadores já estão organizados e lutando pelo seu trabalho e pela valorização de sua cultura. Fazemos um apelo para que os diversos setores da sociedade se juntem a esta causa, ampliando o debate e agindo, pois todos seremos afetados por este projeto se ele for posto em prática.
Há mais de 35 anos o Movimento Ponta do Coral 100% Pública vem lutando para que a Ponta do Coral resista aos interesses poderosos do setor imobiliário especulativo, batalhando pela criação do Parque Cultural das 3 Pontas que uniria a Ponta do Coral, Ponta do Goulart e Ponta do Lessa. Entendemos que esta luta contra a Marina também é nossa, pois mais do que por uma região, lutamos por um modelo de cidade verdadeiramente democrático e que concilie o crescimento populacional e urbano com aspectos ambientais, culturais, antropológicos, históricos e sociais.
Não a Megalo-Marina!
Em defesa dos pescadores!
Em defesa da saúde das Baías!
Pelo Parque Cultural das 3 Pontas!