A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, centrou o discurso que fez na última quarta-feira (24/09) na Assembleia Geral da ONU na crítica aos “fundos abutres” que, segundo ela, praticam “terrorismo econômico e financeiro” contra o país. “Quando se deve 161% do PIB, a culpa não é só dos devedores”, ressaltou.
Toda a primeira metade do discurso da mandatária foi destinado aos fundos abutres que estimularam o default técnico da Argentina. Ela também agradeceu a Assembleia Geral pela resolução 68/304, aprovada em 9 de setembro, por defender a construção de uma convenção multilateral, gerando um marco jurídico obrigatório em matéria de reestruturação da dívida soberana de todos os países.
A Assembleia Geral aprovou a medida não vinculante sobre a reestruturação da dívida com 124 votos a favor e 11 contra, entre os quais os Estados Unidos, e 41 abstenções. A Argentina considerou a votação uma vitória moral para o país.
“Assumimos a responsabilidade, mas pedimos que o Fundo Monetário Internacional [FMI] e os credores que praticaram juros abusivos também assumam parte da responsabilidade por esse endividamento”, disse, ao justificar a necessidade de legislar pela reestruturação da dívida.
A mandatária ressaltou que a Argentina “tem capacidade de pagamento, vontade de pagar e que vai pagar a dívida apesar do acosso dos fundos abutres”. Sobre o 1% dos fundos que não aceitaram a reestruturação da dívida, ela afirmou que pretendem lucros “a uma taxa de 1608% e estão obstruindo a cobrança dos que confiaram na Argentina”.
O país defende um marco regulatório que fixe normas que impliquem que, se a maioria dos credores aceite as condições de uma reestruturação de dívida, as mesmas regras devem ser aceitas por todos. Segundo Crisitina, isso é necessário para que “nenhum outro país tenha que passar pelo que a Argentina está passando”.
Cristina também negou que o termo ‘fundos abutres’ tenha sido cunhado por líderes populistas da América Latina ou África. “Um dos primeiros líderes que o mencionou foi o primeiro-ministro inglês Gordon Brown en 2002. Eles foram mencionados com algo indigno”, disse.
Estado Islâmico
A respeito dos ataques dos Estados Unidos e países aliados ao EI (Estado Islâmico), que instaurou um califado em parte do Iraque e Síria, Cristina afirmou que para combater o EI não podem “fazer soar os tambores da guerra”.
Ela disse ainda que o ex-presidente argentino Néstor Kirchner foi o que mais aprofundou a investigação e abriu os arquivos de inteligência sobre as causas do atentado terrorista contra a AMIA (Associação Mutual Israelense Argentina). O governo argentino defende um acordo com o Irã para dar prosseguimento à investigação do caso.
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Fonte: Opera Mundi