No último domingo no Brasil, foi comemorado o Dia das Mães. O que em geral sempre nos traz a reflexão do tão importante esses mulheres são em nossas vidas, e o quanto elas representam em nossas sociedades a possibilidade de contar com o mínimo de proteção e amor.
Como não deveria faltar, foram inúmeras as homenagens a estas figuras tão queridas, fora e nas redes sociais da internet. Simultaneamente através dessas mesmas redes, foi possível a divulgação de outros pareceres sobre temas em voga, no Brasil. Num desses casos, foi constatado uma pesada crítica ao Governo de Dilma Roussef, em contra o projeto da Comissão da Verdade e Justiça, que propõem investigar os crimes cometidos durante o período da Ditadura Militar, por vezes narrado como revanchismo.
Até ai à esses fatos, poderíamos declarar que estamos em uma democracia e é permitido se expressar, e devemos sempre lutar por essa liberdade!
Ocasionalmente, na manhã da segunda feira, na cidade de Buenos Aires (Argentina, que comemora o dia das mães em Outubro) quem passara em frente à Escuela Normal de Profesores se deparava com a presença de 24 cartazes com fotos e nomes de estudantes de licenciatura, que foram seqüestrados e desapareceram durante a Ditadura Argentina. Ao lado dos cartazes, estavam às mães dos mesmos, acompanhando os professores e pais daquela e de demais escolas próximas.
Essas pessoas protestavam contra uma medida do prefeito de Buenos Aires, que prevê a extinção de vários cursos técnicos, de artes, idiomas, e aumento para 30 o número de alunos para cada sala de aula, no ensino normal (hoje a média é de 20, e varia dependendo da zona da cidade – A UNESCO indica como 23 o número mais adequado).
Essas mães protestavam em nome dos filhos de outras mães, em nome dos professores, em nome da educação digna que possibilite um por vir melhor, um mundo diferente, daquele em que elas foram lançadas ao perderem seus filhos.
Ao sabermos de todos esses pequenos fatos, o mínimo que nos cabe é refletir, ainda que nosso país tenha uma percepção do regime militar um tanto diferenciada do mencionado, e também possui contrastes educacionais, como devem viver nossas mães da ditadura? Como anda nossa educação?
Apoiar que se busque a justiça, deveria nos engrandecer, ser um “ensinamento” para nossos jovens e crianças (que em geral, lamentavelmente sequer sabem de nossa história) e não ser motivos de desavenças políticas, estas sempre existirão!
Após denuncias de que foram usadas até usinas de açúcar para incinerar vítimas, o Brasil recebeu elogios internacionais pela iniciativa do projeto. Cabe lembrar que muitos lutaram pelo país ser uma democracia representativa, partidos inteiros tem em sua história grandes ações em nome dessa causa.
Se realmente será feita justiça (assim esperamos) seria outro ponto, mas não apoiar a iniciativa é deixar que a impunidade, tão proclamada e com razão, em nossos meios de comunicação, se propague, não apoiar é “deseducar” mais nossas crianças, mas também é matar mais uma vez cada filho de nossas mães da ditadura brasileira.
14 de maio, Buenos Aires, Argentina