Por Elaine Tavares. No dia cinco de maio, quando completaram seis meses do maior desastre ambiental vivido pelo país, com o rompimento de uma barragem da empresa Samarco, em Mariana (MG), que acabou por matar um rio inteiro e contaminar quilômetros de água e terra até o mar, um professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, foi ouvido numa audiência na Justiça, depois de ter sido acusado pela Vale do Rio Doce como sendo um criminoso.
O “crime” que o professor Evandro Medeiros cometeu foi participar de uma manifestação contra a mega empresa, na qual, segundo alega a Vale, foi parada a produção. O protesto foi um entre tantos que vêm sendo feitos pelas populações que vivem às margens da ferrovia pela qual a Vale leva o minério que extrai do interior do Pará para o terminal marítimo que fica no Maranhão. A manifestação foi no mês de novembro de 2015 e se fez em solidariedade ao povo atingido pelo rompimento da barragem da Samarco, parceira da Vale. O ato, nos trilhos da ferrovia, foi simbólico e não chegou a parar o comboio, mas a empresa resolveu fazer desse fato um cavalo de batalha. Baseada em fotos do facebook, a mega empresa decidiu apontar o professor Evandro como o organizador da manifestação e ele agora está respondendo na Justiça.
No dia 05 de maio ele participou de uma audiência de conciliação na qual o Ministério Público ofereceu algumas alternativas para que Evandro “pagasse” pelo suposto crime. Uma das alternativas seria uma multa, ou então serviços comunitários. O professor não aceitou qualquer conciliação, alegando não ter cometido crime algum.
Entrevistamos Evandro Medeiros sobre a audiência e ele conta como tudo aconteceu.
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Agora, sem aceitar a proposta de conciliação, o professor Evandro Medeiros bem sabe que vai enfrentar uma gigante da mineração, servindo como um “exemplo” a toda gente do Pará para que não se atreva mais a protestar contra o trabalho de mineração que a Vale faz no estado. Mas, aqueles que lutam pela vida, seguirão com seu trabalho, inclusive realizando mostras de vídeo por todo o interior do Pará e em outros estados vizinhos, denunciando o processo de destruição que é alavancado pela Vale e os grandes riscos que correm as populações que vivem no caminho da mega empresa.
Numa primeira vista parece absurdo que uma transnacional tão gigantesca gaste seu tempo processando um professor do interior do Pará, mas para a Vale essa é só mais uma forma de amedrontar as pessoas. Ao que parece, o tiro saiu pela culatra pois o caso já virou uma batalha internacional, com gente de todo mundo se solidarizando com Evandro. Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte.
Foto: Reprodução/IELA
Fonte: IELA