MV Bill lança clipe Quarentena e critica: “Na favela, pra nós a COVID é diferente”

Imagem: Reprodução /Esquerda Diário

Entre as quarentenas impostas para todos mas que nem todos podem fazer e a insanidade calculada de Bolsonaro em sua defesa da “normalidade” econômica, estão milhões de brasileiros nas favelas que não têm nem condições básicas como água ou que moram em moradias pequenas, entregues ao trabalho informal e a precarização do SUS.

Na última sexta feira, MV Bill lançou um Rap no qual aproveita para conscientizar a população, em especial das periferias que é em sua maioria composta por negros e negras, assim como criticar o descaso dos governos, como bem disse:

“Na favela, pra nós a COVID é diferente
As casas não são grande e geralmente muita gente
Aglomeração inevitável
Alguns lugares ainda não tem água potável
Se cuida aí
Ih, que vai faltar espaço na UTI
Se a gente não fizer o certo pra se prevenir”

Com dados mostrados até pela própria Globo, há cerca de 31 milhões de pessoas sem acesso à água potável, e 5,8 milhões não têm banheiro. Muitos desses, moram em locais cuja “aglomeração é inevitável”, como canta MV Bill, onde não há nem as condições de realizar seja a quarentena horizontal, imposta pelos governos, ou a quarentena vertical, que Bolsonaro defende.

“Pois bem não tem plano de contingência
Alguns vão se contaminar por conta dessa negligência
Outros vão pegar por conta da ignorância
Liderança que se perde se acha na arrogância”

De fato, não há plano algum de nenhum dos polos que mentem quando afirmam se preocupar com a economia ou saúde. O direito à testes massivos é essencial para evitar mortes e preservar a saúde da população trabalhadora que vive nas periferias, ainda mais onde as quarentenas, já limitadas enquanto método isolado como mostra a situação de Itália e Espanha, é ainda mais difícil de se realizar.

“A sua máscara caiu, caiu, caiu
E todo mundo viu
O mal é contagioso mas o bem é contagiante
Lá na frente a gente se vê…ou não
Fé em nós”

Veja o som abaixo:

Como enfrentar o coronavírus e a negligência do Estado?

É necessário exigir que garantam quarentenas em locais salubres, com a expropriação de hotéis, resorts e SPAs, sem indenização, para abrigar essas famílias vulneráveis e isolar os contaminados, com garantia de alimentação decente, suplementos, acompanhados de profissionais de saúde, e instalados leitos de UTIs com respiradores para tratar os casos graves. Os próprios trabalhadores auto-organizados poderiam administrar e gerir esses locais, que receberiam os indivíduos contaminados pelo vírus pelo tempo que fosse necessário.

Além disso, é urgente que garantam a realização de testes massivos de coronavírus, centralizando os laboratórios públicos e privados, as indústrias farmacêuticas, junto às universidades, para garantir essa produção. Não há falta de recursos para isso, só em São Paulo empresários devem mais de 160 bilhões ao estado que seguem intocados. A fortuna desses capitalistas deveria passar a ser taxada para arrecadar os recursos também para ampliação da contratação de todos os profissionais da saúde desempregados, construção de novos leitos de UTI e garantia de máscaras e álcool gel em abundância.

Não obstante, a alta taxa de transmissão nesses bairros pobres exigem a massiva produção de respiradores mecânicos, que só pode ser garantida se os trabalhadores, por exemplo das fábricas de eletrodomésticos, das montadoras, etc, assumem o controle da reorganização produtiva desses equipamentos, cuja quantidade dirá quem vive e quem morre nessa situação.

A ausência de um “plano de guerra” por parte desses governos, em especial de Bolsonaro, implica que essa tarefa caberá a população e aos trabalhadores, através de suas associações de bairros, com exigências aos sindicatos, e organizando-se de distintas maneiras para combater o vírus e salvar vidas.

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