Música de Resistência – As canções de protesto do século XX

Por Julinho Bittencourt.

As canções sempre foram uma grande arma na luta pelos direitos civis, pela democracia, nas guerras e conquistas. O hino francês, a bela “Marselhesa”, composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisleem, em 1792, e popularizado durante a Revolução Francesa, que o diga.

Este pequeno artigo, baseado no espetáculo “Música de Resistência – As Canções de Protesto do Século XX”, tem como objetivo, como assinala o próprio nome, demarcar um tempo. E este tempo escolhido – o Século XX – não foi sem razão. A era em que o compositor Chico Buarque sabiamente decretou como o “Século da Canção” pode ter as suas revoltas, movimentos populares e de resistência muito bem contados através do canto de seus povos.

O pano de fundo escolhido é a canção “Bandiera Rossa”, de Carlo Tuzzi, composta em 1908, é uma das mais famosas do movimento operário italiano, que exalta a bandeira vermelha, símbolo do socialismo e do comunismo.

Bandiera Rossa

Avanti o popolo, alla riscossa,
Bandiera rossa, bandiera rossa
Avanti o popolo, alla riscossa,
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Evviva il comunismo e la libertà!

Degli sfruttati l’immensa schiera
La pura innalzi, rossa bandiera,
O proletari, alla riscossa
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Il frutto del lavoro a chi lavora andrà.

Dai campi al mare, alla miniera,
All’officina, chi soffre e spera,
Sia pronto, è l’ora della riscossa.
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Soltanto il comunismo è vera libertà.

Non più nemici, non più frontiere,
Sono i confini rosse bandiere.
O comunisti, alla riscossa,
Bandiera rossa trionferà.

Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Bandiera rossa la trionferà
Evviva il communismo e la libertà!

Bandeira Vermelha

Avante povo, para o resgate

Bandeira vermelha, bandeira vermelha

Avante povo, para o resgate

A bandeira vermelha vencerá

Do imenso conjunto de explorados

A ascensão pura, a bandeira vermelha

Proletários, ao resgate

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

O fruto do trabalho a quem trabalha

Do campo ao mar até a mina,

E na oficina, quem sofre e espera,

Esteja pronto, é hora do resgate

A bandeira vermelha vencerá

Não há mais inimigos, nem fronteiras

Apenas bandeiras vermelhas nas fronteiras

Socialistas, ao regaste

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

A bandeira vermelha vencerá

E viva o socialismo e a liberdade!

Daí em diante começa a nossa história:

No Pasarán

“É melhor morrer em pé, que viver de joelhos. Eles (os franquistas) não passarão!” – A frase é de Isidora Dolores Ibárruri Gómez, “La Passionária”, líder e heroína comunista basca. A frase virou lema e inspiração dos republicanos que lutaram contra as tropas do general Franco nos anos 30 na Guerra Civil Espanhola.

A vitória de Franco afundou a Espanha em 35 anos de ditadura. Franco venceu a guerra, mas a frase continuou popular entre as tropas aliadas na guerra contra o nazi-fascismo e inspirou a canção “No Pasarán”, um poema de José Herrera Aguilera, mais conhecido como José Herrera Petere, e a melodia de Hanns Eisler.

No Pasarán

Los moros que trajo Franco
En madrid quieren entrar
Mientras queden milicianos
Los moros no pasarán

¡No pasarán! ¡No pasarán!

Aunque me tiren el puente
Y también la pasarela
Me verás pasar el ebro
En un barquito de vela

¡No pasarán! ¡No pasarán!

Diez mil veces que los tiren
Diez mil veces los haremos
Tenemos cabeza dura
Los del cuerpo de ingenieros

¡No pasarán! ¡No pasarán!

En el ebro se han hundido
Las banderas italianas
Y en los puentes sólo quedan
Las que son republicanas

¡No pasarán! ¡No pasarán!

Não Passarão!

Os mouros trazidos por Franco

Querem entrar em Madri

Enquanto houver milicianos

Os mouros não passarão

Enquanto houver milicianos

Os mouros não passarão

Não passarão! Não passarão!

Ainda que tirem a ponte

E também a passarela

Me verão cruzar o Ebro

Em um barquinho de vela

Me verão cruzar o Ebro

Em um barquinho de vela

Não passarão! Não passarão!

Dez mil vezes que nos tirem

Dez mil vezes nós faremos

Nós temos cabeça dura

E corpo de engenheiros

Não passarão! Não passarão!

Elas afundaram no Ebro

As bandeiras italianas

E nas pontes ficam apenas

As que são republicanas

E nas pontes ficam apenas

As que são republicanas

Não passarão! Não passarão!

Não passarão! Não passarão!

L’Estaca

A canção L’Estaca foi composta pelo catalão Lluis Llach, no ano de 1968, em plena ditadura de Franco. Cantada originalmente em catalão, ela já foi traduzida em várias línguas e é usada até hoje na Espanha e no mundo como um hino de resistência.

Há poucos anos, foi cantada no lendário estádio Camp Nou por uma multidão de apoiadores do novo partido que surgia, o Podemos. Nela, o personagem principal, o velho Siset aponta para uma estaca, a qual estamos todos atados sem poder prosseguir e a única maneira é ele forçar por um lado e os jovens forçarem por outro, que um dia ela cai e todos poderão seguir.

Um dia, o velho Siset morre, e o interlocutor que ouviu a canção a repete aos jovens, avisando o mesmo refrão novamente, a mesma canção que o velho Siset o ensinou.

L’Estaca

L’avi Siset em parlava
de bon matí al portal
mentre el Sol esperàvem
i els carros vèiem passar.

Siset que no veus l’estaca
a on estem tots lligats?
Si no podem desfer-nos-en
mai no podrem caminar!

Si estirem tots ella caurà
i molt de temps no pot durar,
segur que tomba,
tomba, tomba,
ben corcada deu ser ja.

Si tu l’estires fort per aquí,
i jo l’estiro fort per allà
segur que tomba,
tomba, tomba,
i ens podrem alliberar.

Però Siset fa molt temps ja,
les mans se’m van escorxant,
i quan la força se me’n va
ella és més ampla i més gran.
Ben cert sé que està podrida
però és que Siset pesa tant,
que a cops la força m’oblida.
Torna’m a dir el seu cant!

Lavi Siset ja no diu res,
mal vent que se l’emportà,
ell qui sap a quin indret
i jo a sota el portal.
I mentre passen els nous vailets
estiro el coll per cantar
el darrer cant que en Siset
el darrer que van ensenyar.

A Estaca

O velho Siset conversava comigo

De manhã no portão

Enquanto esperávamos a saída do sol

e os carros passavam

Siset, não vês a estaca

Onde estamos todos amarrados?

Se não conseguirmos nos livrar dela

Nós nunca poderemos andar!

Se puxarmos forte, a faremos cair

Já não pode resistir por muito tempo

É certo que tomba, tomba, tomba

Pois já deve estar bem podre

Se eu puxo com força daqui

E tu puxas com força daí

É certo que tomba, tomba, tomba

E poderemos nos libertar

Mas Siset, já faz tempo

minhas mãos estão esfolando

E quando a solto um instante

Se faz mais forte e maior

Já sei que está podre

Mas, Siset, pesa tanto,

Que as vezes me abandonam as forças

Repete-me a tua canção!

Se puxarmos forte, a faremos cair

Já não pode resistir por muito tempo

É certo que tomba, tomba, tomba

Pois já deve estar bem podre

Se eu puxo com força daqui

E tu puxas com força daí

É certo que tomba, tomba, tomba

E poderemos nos libertar

O velho Siset já não diz nada

Um mau vento o levou

Sabe lá para onde

E eu continuo sob o portão

E quando passam os jovens

Ergo a voz para cantar

A última canção

Que Siset me ensinou

Se puxarmos forte, a faremos cair

Já não pode resistir por muito tempo

É certo que tomba, tomba, tomba

Pois já deve estar bem podre

Se eu puxo com força daqui

E tu puxas com força daí

É certo que tomba, tomba, tomba

E poderemos nos libertar

Bella, Ciao

Essa linda melodia já era cantada, em meados do século dezenove, no trabalho da colheita nos campos da Itália. Ganhou várias letras ao longo dos anos para, nos anos 30 e 40, virar o hino da luta antifascista e, a partir da segunda guerra mundial, se tornar mundialmente famosa.

Nela, o partigiano – o guerrilheiro da resistência antifascista – se despede da amada antes de partir para a luta. Se por acaso morrer, pede que o enterrem no alto da montanha. No local, nascerá uma flor. A flor do guerrilheiro, morto pela liberdade.

A canção voltou a ganhar popularidade recentemente por conta da série espanhola “Casa de Papel”, onde um bando toma de assalto a Casa da Moeda da Espanha para fazer o mesmo que governos de todo o mundo fazem sem lastro, ou seja, imprimir dinheiro.

Bella, Ciao

Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
ed ho trovato l’invasor.

O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.

E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.

E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l’ombra di un bel fior.

E le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»

«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano,
morto per la libertà!

Bela, adeus!

Esta manhã, acordei
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
Esta manhã, acordei
É chegado o invasor

Oh, guerrilheiro, me leve embora
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
Oh guerrilheiro, me leve embora
Pois sinto que vou morrer

E se eu morro como guerrilheiro
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
E se morro como guerrilheiro
Você deve me enterrar

Enterrar lá em cima, na montanha
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
Enterrar lá em cima na montanha
Embaixo da sombra de uma bela flor

E as pessoas que passarão
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
E as pessoas que passarão
Dirão: que bela flor!

Esta é a flor do guerrilheiro
Bela, adeus, Bela, adeus, Bela, adeus, adeus, adeus
Esta e a flor do guerrilheiro
Morto pela liberdade

The Partisan

Os Partisans, ou partigianos, se espalharam por toda a Europa, todos homens do povo voluntários para lutar contra o nazi-fascismo que assolava o continente e ameaçava dominar o mundo. Na França, ocupada pelo exército alemão, muitos heróis anônimos lutaram para livrar o mundo do exército de Hitler. Um deles, solitário, atravessa o país com fome, frio e um verso na garganta:

Mudei o meu nome uma centena de vezes

Perdi a mulher e os filhos

Mas eu tenho muitos amigos

Toda a França

The Partisan

When they poured across the border

I was cautioned to surrender,

This i could not do;

I took my gun and vanished.

I have changed my name so often,

I’ve lost my wife and children

But i have many friends,

And some of them are with me.

An old woman gave us shelter,

Kept us hidden in the garret,

Then the soldiers came;

She died without a whisper.

There were three of us this morning

I’m the only one this evening

But i must go on;

The frontiers are my prison.

Oh, the wind, the wind is blowing,

Through the graves the wind is blowing,

Freedom soon will come;

Then we’ll come from the shadows.

Les allemands e’taient chez moi,

Ils me dirent, “résigne toi,”

Mais je n’ai pas peur;

J’ai repris mon âme.

[the germans were at my home

They said, “sign yourself,”

But i am not afraid

I have retaken my soul.]

J’ai change’ cent fois de nom,

J’ai perdu femme et enfants

Mais j’ai tant d’amis;

J’ai la france entie`re.

[i’ve changed names a hundred times

I have lost wife and children

But i have so many friends

I have all of france]

Un vieil homme dans un grenier

Pour la nuit nous a cache’,

Les allemands l’ont pris;

Il est mort sans surprise.

[an old man, in an attic

Hid us for the night

The germans captured him

He died without surprise.]

Oh, the wind, the wind is blowing,

Through the graves the wind is blowing,

Freedom soon will come;

O Partisan

Quando eles se derramaram pela fronteira

Eu fui avisado para me render,

Mas isto eu não poderia fazer

Peguei minha arma e desapareci

Eu mudei meu nome tantas vezes,

Eu perdi minha esposa e filhos

Mas eu tenho muitos amigos

E alguns deles estão comigo

Uma senhora nos deu abrigo,

Nos manteve escondidos no sótão

Então os soldados vieram

Ela morreu sem um suspiro

Havia três de nós esta manhã,

Sou o único esta tarde

Mas eu preciso ir em frente

A fronteira é minha prisão

Oh, o vento, o vento está soprando

Através das sepulturas ele está soprando,

A liberdade virá em breve

Então nós chegaremos das sombras

Os alemães estiveram em minha casa

Eles disseram: “Identifique-se”,

Mas eu não estou com medo

Eu recuperei minha arma.

Eu mudei meu nome uma centena de vezes

Eu perdi minha esposa e filhos

Mas eu tenho tantos amigos,

Eu tenho toda a França.

Um velho homem num sótão

Nos escondeu à noite,

Os alemães o capturaram,

E ele morreu sem surpresa

Oh, o vento, o vento está soprando

Através das sepulturas ele está soprando,

A liberdade virá em breve

Então nós chegaremos das sombras

The Times They are a Changin

Na segunda metade da década de 60, a indústria cultural cria o seu corvo, a grande mídia, com seus discos, filmes, programas de televisão e heróis.

Entre os novos xamãs eletrônicos, surge nos Estados Unidos um bardo solitário, filho de judeus, que, para homenagear o poeta Dylan Thomas, cria um nome artístico que seria ouvido por gerações pelas próximas décadas: Bob Dylan.

A sua canção simples e de poesia rebuscada anunciava aos pais e políticos da velha geração que os tempos, eles estavam, definitivamente, mudando.

The Times They are a Changin

Come gather ’round people, wherever you roam
And admit that the waters around you have grown
And accept it that soon you’ll be drenched to the bone
If your time to you is worth savin’

Then you better start swimmin’ or you’ll sink like a stone
For the times they are a-changin’

Come writers and critics who prophesize with your pen
And keep your eyes wide, the chance won’t come again
And don’t speak too soon for the wheel’s still in spin
And there’s no tellin’ who that it’s namin’

For the loser now will be later to win
For the times they are a-changin’

Come senators, congressmen, please heed the call
Don’t stand in the doorway, don’t block up the hall
For he that gets hurt will be he who has stalled
There’s a battle outside, and it is ragin’

It’ll soon shake your windows and rattle your walls
For the times they are a-changin’

Come mothers and fathers throughout the land
And don’t criticize what you can’t understand
Your sons and your daughters are beyond your command
Your old road is rapidly agin’

Please get out of the new one if you can’t lend your hand
For the times they are a-changin’

The line, it is drawn, and the curse, it is cast
The slow one now will later be fast
As the present now will later be past
The order is rapidly fadin’

And the first one now will later be last
For the times they are a-changin’

Os Tempos Estão Mudando

Juntem-se, pessoas, onde quer que estejam
E admitam que as águas à sua volta estão subindo
E aceitem que logo vocês estarão cobertos até os ossos
Se para vocês, seu tempo vale a pena ser poupado

Então é melhor que comecem a nadar ou afundarão como pedras
Pois os tempos estão mudando

Venham escritores e críticos que profetizam com suas canetas
E mantenham seus olhos abertos, a chance não virá novamente
E não falem sem pensar pois a roda ainda está girando
E não há como dizer quem será nomeado

Pois o perdedor de agora mais tarde vencerá
Pois os tempos estão mudando

Venham senadores, deputados, por favor escutem o chamado
Não fiquem parados no vão da porta, não congestionem o corredor
Pois aquele que se machuca será aquele que nos impediu
Há uma batalha lá fora, e ela não vai parar

E logo ela irá balançar suas janelas e fazer ruir suas paredes
Pois os tempos estão mudando

Venham mães e pais de todos os lugares
E não critiquem o que vocês não conseguem entender
Seus filhos e filhas estão além de seu comando
Seu velho caminho está rapidamente envelhecendo

Por favor saiam da frente se não puderem ajudar
Pois os tempos estão mudando

A linha está traçada e a maldição está lançada
E o mais lento agora será o rápido mais tarde
Assim como o presente de agora será mais tarde o passado
A ordem está rapidamente se esvaindo

E o primeiro agora será o último depois
Pois os tempos estão mudando

The Luck of the Irish

Em janeiro de 1972, o exército inglês mata, na Irlanda do Norte, 14 ativistas católicos, entre eles duas crianças, além de deixar 26 pessoas feridas.

Sobre o conflito, que ficou conhecido como Domingo Sangrento, o ex-Beatlle John Lennon e a sua esposa Yoko Ono escreveram uma linda canção que fala sobre a sorte dos Irlandeses.

The Luck of the Irish

If you have the luck of
the irish,
You’d be sorry and wish you
were dead
You shold have the luck of
the irish
And you’d wish you was
English instead!

A thousand years of torture
and hunger

Drove the people away from
their land,
A land full of beutty and wonder
Was raped by the british
brigands! Goddman!
Goddman!

If you could keep voices
like flowers
There’d be aharmock all over
the world.
If you could drink dreams
like the irish streams

Then the world would be high
as the mountain of morn

In the Pool they told us
the story
How the english divided
the land,
Of the pain, the death and
the glory
And the poets of auld
Eireland

If we could make chains with
the morning dew
The world would be like
galeway Bay
Let’s walk over rainbows
like leprechauns
The world would beone big
Blarney stone

Why the hell are the English
there anyway?
As they kill with god on
their side!
Blame it all on the kids and
the IRA!
As the bastards commit genocide
Aye! Aye!
Genocide!

If you had the luck of
the irish
You should have the luck of
the irish
You’d be sorry and wish you
were dead
And you’s wish you were
english instead!
Yes you’d wish you was
english instead!!

A sorte dos irlandeses

Se você tivesse a sorte dos irlandeses,
Você estaria triste e com desejo de morrer
Se você tivesse a sorte dos irlandeses,
Ao invés disso você desejaria ser inglês

São mil anos de tortura e fome

Que levou o povo a partir de sua terra
Uma terra cheia de beleza e encanto
Foi estuprada pelos bandidos britânicos. Malditos! Malditos!

Se você pudesse manter vozes como flores
Haveria um trevo sobre o mundo
Se você pudesse beber sonhos como os rios irlandeses
O mundo seria alto como a montanha na manhã

Numa reunião eles nos contaram a história
Como os ingleses dividiram a terra
Da dor, da morte e da glória
E os poetas da velha Irlanda

Se pudéssemos fazer correntes com o orvalho da manhã
O mundo seria como a Baia de Galeway
Vamos caminhar sobre um arco-íris como duendes
O mundo será como a grande Blarney Stone

Por que diabos os ingleses estão lá desta forma?
Matando com Deus ao seu lado
Culpando as crianças e o IRA!
São bastardos cometendo genocídio, genocídio!

Se você tivesse a sorte dos irlandeses,
Você estaria triste e com desejo de morrer
Se você tivesse a sorte dos irlandeses,
Ao invés disso você desejaria ser inglês

Redemption Song

O jamaicano Robert Nesta Marley, conhecido por todos como Bob Marley, talvez seja o único grande astro da música pop vindo do terceiro mundo. Suas canções são, em quase sua maioria, hinos de luta e libertação dos povos afro-americanos.

Quando estava quase para morrer, com terríveis dores de cabeça por conta de um câncer no cérebro, compôs aquele que seria o seu canto do cisne. Um desabafo contra o flagelo da escravidão e, sobretudo, a reação secular de seu povo através de suas crenças, dor e resiliência.

Uma canção de redenção.

Redemption Song

Old pirates, yes, they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I
From the bottomless pit
But my hand was made strong
By the hand of the Almighty
We forward in this generation
Triumphantly

Won’t you help to sing
These songs of freedom?
‘Cause all I ever have
Redemption songs
Redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
‘Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look?
Some say it’s just a part of it
We’ve got to fulfill the Book

Won’t you help to sing
These songs of freedom?
‘Cause all I ever have
Redemption songs
Redemption songs
Redemption songs

Canção de Redenção

Velhos piratas, sim, eles me roubaram
Me venderam para navios mercantes
Minutos depois de eles terem me tirado
Do poço sem fundo
Mas, minha mão foi fortalecida
Pela mão do Todo-Poderoso
E a nossa geração avançou
Triunfantemente

Você não vai me ajudar a cantar
Estas canções de liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho
Canções de redenção
Canções de redenção

Libertem-se da mentalidade escravocrata
Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes
Não tenha medo da energia atômica
Porque nenhum deles pode parar o tempo
Até quando vão matar nossos profetas
Enquanto nós permanecemos de lado, olhando?
Alguns dizem que isso faz parte
Nós temos que cumprir o Livro

Ajude-me a cantar
Estas canções de liberdade?
Pois, tudo que eu sempre tenho
Canções de redenção
Canções de redenção
Canções de redenção

Nkosi sikelel’ iAfrika

Esta pequena canção é um símbolo tão forte da libertação de vários povos da África, que acabou se tornando o hino oficial de muitos deles, como a Namíbia, Zimbabwe, Zâmbia, Tanzânia e a África do Sul.

Na África do Sul foi consagrada após a libertação de um dos maiores líderes de massa do Século XX: Nélson Mandela, evocando a sua incansável luta contra a separação de negros e brancos e o ódio racial.

Nkosi sikelel’ iafrika era o hino do Congresso Nacional Africano, o CNA, partido criado no seio da luta contra o apartheid na África do Sul. Ela ficou proibida durante vários anos até, um tempo depois da eleição de Mandela, em 1994, se tornar o Hino Oficial do País.

Nkosi sikelel’ iAfrika

Nkosi sikelel’ iafrika

Nkosi sikelel’ iafrika

Maluphakanyisw’ uphondo lwayo,

Yizwa imithandazo yethu,

Nkosi sikelela, thina lusapho lwayo

Deus abençoe a África

Deus abençoe a África

Para que sua Glória seja exaltada

Ouça nossas preces

Deus nos abençoe, porque somos seus filhos

Pequeña Serenata Diurna

A Revolução Cubana, em 1959, foi um sopro de esperança para a América Latina e o mundo. Depois dos seus difíceis primeiros anos, a distensão social, uma economia galopante e próspera e um grande clima de alegria tomaram conta da ilha de Fidel.

Um movimento musical denominado Nova Trova Cubana lançou ecos deste novo e pequeno mundo para todos.

Entre as inúmeras canções produzidas, uma pequena serenata diurna, do jovem cantor Sílvio Rodriguez, irradiava felicidade e pedia perdão por isso aos seus tantos mortos nos campos de batalha.

Pequeña Serenata Diurna

Vivo en un país libre
Cual solamente puede ser libre
En esta tierra, en este instante
Y soy feliz porque soy gigante.
Amo a una mujer clara
Que amo y me ama
Sin pedir nada
-o casi nada,
Que no es lo mismo
Pero es igual-.

Y si esto fuera poco,
Tengo mis cantos
Que poco a poco
Muelo y rehago
Habitando el tiempo,
Como le cuadra
A un hombre despierto.
Soy feliz,
Soy un hombre feliz,
Y quiero que me perdonen
Por este día
Los muertos de mi felicidad

Pequena Serenata Diurna

Vivo em um país livre
Que só pode ser livre
E nesta terra, e neste instante
Eu sou feliz porque sou gigante.
Amo a uma mulher clara
Que amo e me ama
Sem pedir nada
– ou quase nada,
Que não é o mesmo
Mas é igual.

E como se não bastasse
Tenho meus cantos
Que pouco a pouco
Moo e refaço
Habitando o tempo
Como cabe
A um homem acordado.
Sou feliz,
Sou um homem feliz
E quero que me perdoem
Por este dia
Os mortos de minha felicidade

Hasta Siempre, Comandante

Ao invés de se encastelar no poder, logo após a revolução cubana, onde foi nomeado ministro da indústria e segundo homem do governo revolucionário de Fidel Castro, Ernesto Chê Guevara partiu para lutar na selva boliviana onde, já capturado e desarmado, foi brutalmente assassinado pelo exército daquele país, numa grande operação que contou com a colaboração da CIA, a central de Inteligência americana.

A sua memória e imagem, no entanto, nunca foram esquecidas e percorrem o mundo até hoje, como um símbolo de resistência e luta.

Inúmeras canções foram compostas em sua homenagem. Hasta Siempre, Comandante, do poeta cubano Carlo Puebla, é a mais significativa e lembrada.

Hasta Siempre, Comandante

Aprendimos a quererte,
Desde la histórica altura,
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la muerte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Che Guevara.

Tu mano gloriosa y fuerte
sobre la historia dispara,
cuando todo Santa Clara
Se despierta para verte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Che Guevara.

Vienes quemando la brisa
con soles de primavera
para plantar la bandera
con la luz de tu sonrisa

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Che Guevara.

Tu amor revolucionario
te conduce a nueva empresa,
donde espera la firmeza
de tu brazo libertario.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Che Guevara.

Seguiremos adelante
como junto a ti seguimos
y con Fidel te decimos :
“¡Hasta siempre Comandante!”

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Che Guevara.

Até sempre comandante Che Guevara

Aprendemos a te amar
Desde a histórica altura
Onde o sol de sua bravura
Te colocou perto da morte

Aqui fica a clara
A querida transparência
De sua querida presença
Comandante Che Guevara

Sua mão gloriosa e forte
sobre a história dispara
quando toda Santa Clara
Se desperta para ver-te

Aqui fica a clara
A querida transparência
De sua querida presença
Comandante Che Guevara

Vens esquentando a brisa
com o sol da primavera
para plantar a bandeira
com a luz de seu sorriso

Aqui fica a clara
A querida transparência
De sua querida presença
Comandante Che Guevara

Seu amor revolucionário
te conduz a uma nova empreitada
onde esperam a força
de teu braço libertário

Aqui fica a clara
A querida transparência
De sua querida presença
Comandante Che Guevara

Seguiremos adiante
como junto à ti seguimos
E com Fidel te dizemos:
“Até sempre, comandante!”

Aqui fica a clara
A querida transparência
De sua querida presença
Comandante Che Guevara

Gracias a La Vida

Dentre as ditaduras mais sangrentas ocorridas na América Latina, entre as décadas de 60 e 70, está, sem dúvida alguma, a de Pinochet, no Chile. A voz de Violeta Parra se tornou um símbolo da luta do povo chileno, ecoou pelo país e ganhou o mundo. Entre as suas inúmeras composições, aquela que agradece à vida por tudo o que é recebido, foi imortalizada por vários cantores em diversas línguas.

Gracias A La Vida

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro
Perfecto distingo, lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido del abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre amigo hermano
Y luz alumbrando, la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dio el corazón, que agita su marco
Cuando miro el fruto, del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales, que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida, gracias a la vida
Gracias a la vida, gracias a la vida

Graças à Vida

Obrigado à vida que me deu tanto
Me deu dois olhos que quando os abro
Distingo perfeitamente o preto do branco
E no alto céu, seu fundo estrelado
E nas multidões, o homem que eu amo

Obrigado à vida que me deu tanto
Me deu o som do alfabeto
E com ele as palavras que eu penso e declaro
Mãe, amigo, irmão
E luz iluminando, o caminho da alma de quem estou amando

Obrigado à vida que me deu tanto
Me deu a marcha dos meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a sua casa, sua rua e seu pátio

Obrigado à vida que me deu tanto
Me deu o coração, que agita o teu destino
Quando olho o resultado do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de teus olhos claros

Obrigado à vida que me deu tanto
Me deu o sorriso e me deu o pranto
Assim eu distingo fortuna de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto
E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é o meu próprio canto
Obrigado à vida, obrigado à vida
Obrigado à vida, obrigado à vida

Los Hermanos

Assim como no Chile, na vizinha Argentina, outra ditadura militar sangrenta, também financiada pelo tesouro ianque, matou milhares de pessoas e subjugou seu povo por várias décadas. Por lá, e posteriormente pelo mundo também se ouvia e se cantava a voz do músico, violonista e pesquisador Atahualpa Yupanqui, a lembrar que tinha muitos irmãos e uma irmã muito bela chamada liberdade.

Los Hermanos

Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con um lloro para llorarlo
Con un rezo para rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre esta más allá
Y esa fuerza pa buscarlo
Con tezón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Y asi seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y asi nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de imensidad
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad

Os Irmãos

Eu tenho tantos irmãos
Que nem posso contar
No vale, na montanha
No pampa e no mar
Cada qual com seus trabalhos
Com seus sonhos, cada qual
Com a esperança diante
Com as lembranças pra trás
Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar

Gente de mão quente
Por isso de amizade
Com um choro para chorar
Com uma reza para rezar
Com um horizonte aberto
Que sempre está mais além
E essa força pra buscar
Com tesão e vontade
Quando parece mais perto
É quando se afasta mais
Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar

E assim seguimos andando
Calejados de solidão
Nos perdemos pelo mundo
Voltamos a nos encontrar
E assim nos reconhecemos
Pelo longínquo olhar
Pelas palavras que inventamos
Sementes de imensidão
E assim seguimos andando
Calejados de solidão
E em nós mesmos nossos mortos
Pra que ninguém fique para trás
Eu tenho tantos irmãos
Que não os posso contar
E uma irmã muito formosa
Que se chama Liberdade

Grândola Vila Morena

À meia noite, vinte minutos e dezoito segundos do dia 25 de Abril de 1974, a canção Grândola Vila Morena foi transmitida pelo programa independente “Limite” através da “Rádio Renascença”. Era a senha para confirmar o início da “Revolução dos Cravos” e o fim de 40 anos da ditadura de Salazar.

Até hoje, na parte do mundo em que estiverem, os portugueses se levantam e cantam solenemente a canção, saudando a revolução e a democracia.

Grândola Vila Morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

Caminhando (Pra não dizer que não falei das Flores)

A ditadura dos militares, o golpe de farda, não poupou o Brasil, o maior país da América Latina. As forças interessadas na hegemonia da região sabiam – e sabem até hoje – que sem o Brasil não têm nada.

A quartelada começou lentamente, em 1964, e se tornou cada vez mais violenta. No início de seu auge, em 1968, o cantor e compositor Geraldo Vandré plantou uma canção que se tornou uma espécie de hino informal dos que lutam pela liberdade.

Caminhando

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Apesar de Você

No auge da ditadura militar no Brasil, um refrão tomou conta do país. Aparentemente um samba de amor descomprometido, a poderosa canção burlou a censura, ganhou as ruas e passou a ser repetida a cada autoridade que atravessasse o caminho do povo:

“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”

Apesar de Você

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu

Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro

Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá

O Bêbado e a Equilibrista

Aqui termina o espetáculo, mas não as canções. Estas sempre serão compostas e cantadas. Em vários lugares, inclusive hoje, aqui e agora, o povo vai estar pronto e disposto a cantar em coro seus hinos de resistência.

O canto de todos que será sempre o mesmo canto.

Um canto de redenção

Único, uníssono, que agrega, une e reage.

Um grito de liberdade e esperança.

A esperança equilibrista, que cai e se levanta, olha em frente, segue e seguirá sempre.

A saudar seus mortos e semear vida nova.

Aqui, agora e sempre

O Bêbado e a Equilibrista

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil.
Meu Brasil!…

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarices
No solo do Brasil…

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…

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