Procurado diversas vezes pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como responsável por desmatamento ilegal na Amazônia, Altamirando Pinto de Oliveira está entre os cerca de 1.400 presos pelos atentados contra as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Altamirando foi autuado por desmatamento ilegal em mais de 100 hectares no município de São Félix do Xingu, no Pará, por duas vezes, em 2012 e 2019. E, mesmo com as áreas embargadas, as ilegalidades persistiram. Os crimes ocorreram na Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, onde o desmatamento abriu novas áreas de pastagem para criação de gado.
Somadas, as multas pelos crimes ambientais passam de R$ 1 milhão. Em 2014 e 2020, o Ibama notificou Altamirando por edital, publicado no Diário Oficial da União, depois de não conseguir encontrar o infrator para comunicar a multa pessoalmente.
O desmatamento ocorreu na área da Fazenda 6 Irmãos, onde também há indícios de grilagem, dentro da unidade de conservação mais desmatada da Amazônia.
Altamirando é servidor municipal aposentado do município de Nova Xavantina, no Mato Grosso. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do aposentado.
Altamirando passou por audiência de custódia e segue preso no Complexo Penitenciário da Papuda, para onde foram levados os presos pelos atos terroristas ocorridos em Brasília. Os detidos, segundo a Polícia Federal, poderão responder por terrorismo, associação criminosa, atentado contra o Estado democrático de Direito, golpe de Estado, perseguição, incitação ao crime, além dos danos ao patrimônio público. Pelo menos 39 pessoas já foram denunciadas pela Procuradoria-Geral da República.
Os processos correm em sigilo e não foi possível identificar por quais desses crimes Altamirando responderá.
Agronegócio envolvido nos atentados
Logo após os primeiros depoimentos dos presos envolvidos nos ataques do dia 8, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que há empresários do agronegócio, comerciantes e membros do grupo conhecido como colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) envolvidos nos atos golpistas realizados em Brasília.
“Nós temos desde comerciantes locais, há pessoas vinculadas ao segmento do agronegócio, há vinculados ao segmento dos CACs. São pessoas de vários perfis”, disse Dino, na semana passada.