Multado pelo Banco Central, marqueteiro de Moro foi alvo da CPI do Futebol por rolos em paraíso fiscal

O empresário Dody Sirena ao lado de Roberto Carlos e Sergio Moro após show em Curitiba em 2019

Por Kiko Nogueira.

Deu no Painel da Folha de S.Paulo que o Banco Central aplicou multa de 25 mil reais ao marqueteiro Jorge Sirena Pereira por não ter declarado dentro do prazo bens e valores que mantinha no exterior.

Segundo Dody Sirena, a multa se deu por um atraso na entrega de uma declaração e seus bens no exterior são todos declarados.

Ele é empresário há décadas de Roberto Carlos e fechou com Sergio Moro após a saída do Ministério da Justiça.

A Delos Cultural, braço da DC Set, cuidava de sua “imagem” e da carreira como palestrante para a área corporativa.

Os dois foram apresentados em dezembro de 2019 em Curitiba, após um show do cantor, em que ele elogiou o trabalho do paladino do Paraná.

Roberto, como se sabe, nunca foi muito bom com essas coisas. Era amigo da ditadura militar e elogiou Pinochet num festival em Viña del Mar, no Chile, em 1975.

A ideia de Dody era vender Moro como “um dos líderes mais influentes do Brasil e do mundo” e “uma referência mundial no combate à corrupção”.

Moro iria “contribuir para o aprimoramento da cultura empresarial e cívica do Brasil” em conferências, transmissões ao vivo e aulas magnas.

Mas o interesse de Sirena em Moro não era apenas pela voz ou o carisma do maringaense. Sergio, por outro lado, se viu a ficha de Sirena, olhou para o lado.

Ele foi suspeito de intermediar em 2000 uma parceria entre o Grêmio e a International Sport Leisure (ISL), da Suíça, para exploração da marca e dos dividendos de marketing do clube por 15 anos.

O caso foi parar na Justiça após o sumiço de três cheques, totalizando US$ 310 mil – hoje, o equivalente a R$ 1,7 milhão –, enviados pela ISL ao Grêmio em agosto daquele ano.

Acabou denunciado pelo promotor Ivan Melgaré, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, por estelionato e formação de quadrilha em 2005.

Sua prisão preventiva foi declarada em 2006 pela 1ª Vara Criminal de Porto Alegre ao não comparecer a uma audiência.

Na mesma época, foi convocado a depor na CPI do Futebol no Senado após assinar documento representando a Lake Blue Development, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal.

“São fortes os indícios de que essa empresa foi montada no Brasil para lavar dinheiro do futebol”, disse à época o presidente da comissão, senador Álvaro Dias — então no PSDB, hoje no Podemos, e o candidato da Lava Jato em 2018.

Em nota, Sirena alegou inocência e afirmou que a subsidiária brasileira da Lake Blue Development fora criada para viabilizar recursos para espetáculos.

Sua parceria com a CBF vem de longa data. Em 2002, quando a seleção conquistou o pentacampeonato em Yokohama, no Japão, ele organizou as comemorações no retorno ao país.

A Nestlé, que patrocinou Roberto, fez contratos milionários no mundo do esporte, incluindo um acordo de cerca de R$ 8 milhões anuais com a CBF em 2010.

Deltan Dallagnol fica devendo um powerpoint para explicar essa relação tão delicada.

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