Por Edilene Santos.
A população em geral têm sofrido com a exploração e precarização do trabalho, reconcentração da terra, exploração mineral, ampliação dos portos, duplicação de estradas e ferrovias. Com isso, as mulheres são as mais afetas, e a mineração é o setor que mais têm causado mortes, mutilações e adoecimento mental nas trabalhadoras e trabalhadores.
São as mulheres que sofrem com a sobrecarga de trabalho quando há falta de água ou quando existe aumento da poluição causada pela exploração minerária. São elas as cuidadoras dos seus familiares adoecidos, com asma, bronquite, câncer, entre outras doenças causadas pela mineração. Portanto, as mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmam que a sua luta é contra o agronegócio e o capitalismo a favor da vida.
Em 2007, essas mulheres ousaram ocupar e Mina Capão Xavier, da empresa Mineração Brasileiras Reunidas (MBR), do complexo de usinas da Companhia Vale do Rio Doce, região metropolitana de Belo Horizonte. A ocupação fazia parte da jornada nacional de lutas das mulheres da Via Campesina, que tinha como lema “Mulheres Camponesas na Luta por Soberania Alimentar e contra o Agronegócio.”
As mulheres defendiam que os elementos da natureza são à base da vida e não são mercadorias. O capitalismo avança sobre o mundo, desrespeitando qualquer limite e leis colocando em risco a vida de todos os seres vivos e da humanidade. Denunciávamos também que as mineradoras poluem as águas, degradam a natureza e desaloja inúmeras famílias com a construção de barragens.
Em 2016, as mulheres ampliaram a luta contra o agronegócio e ousaram denunciar o modelo de mineração que o país tem adotado e que, entre outros efeitos, resultou no rompimento da barragem de Fundão na região de Mariana-MG, em novembro de 2014. Em março de 2017, as mulheres Sem Terra de Minas Gerais ocuparam as terras do Eike Batista e resistem no acampamento Maria da Conceição, em Itatiaiuçu, enfrentando o modelo predatório de mineração que ronda a Bacia do Paraopeba.
E em Janeiro de 2019 ocorreu o rompimento da barragem de córrego do feijão em Brumadinho. As ações das mulheres a nível de região Sudeste foi uma quebra de silêncio e uma afronta àqueles que, mesmo diante do crime cometido pela VALE, os representantes das empresas e do Estado em continuar sua defesa à ação mineradora nos moldes atuais e a nomear o crime como acidente, reforçando e vinculado a dependência da região à mineração.
Nesse sentido sabemos que a resistência nos territórios depende muito das mulheres que são as mais prejudicadas com os crimes do capital, precisamos denunciar diariamente o projeto da morte que esta por traz desse modelo de mineração.
*Edilene Santos, direção estadual do Setor de Gênero do MST-MG e assentada no Vale do Rio Doce
**Editado por Fernanda Alcântara.