Um crime brutal motivado por transfobia foi registrado na madrugada desta quarta-feira (24) em Recife. Uma mulher negra e transexual em situação de rua foi queimada viva no Cais de Santa Rita, centro da cidade.
A vítima foi conduzida pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) até o Hospital da Restauração e teve 40% do corpo queimado. Não há previsão de alta, mas o estado de saúde é considerado estável.
O crime aconteceu pouco depois da meia noite. A mulher foi vista em chamas por policiais militares, que foram até o local após serem acionados por testemunhas do episódio.
Identificada como Roberta, a vítima relatou que o agressor é um adolescente com o qual teve um desentendimento. O motivo, segundo ela, foi transfobia. O suspeito tentou fugir, mas foi apreendido pela Polícia Militar, antes de ser encaminhado à Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA).
Mais violações
O caso é acompanhado pela codeputada estadual Robeyoncé Lima, da “mandata coletiva” Juntas, a primeira advogada trans, negra e nordestina a conseguir o nome social na carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Hoje, uma travesti foi queimada viva em Recife, no Cais de Santa Rita, e ninguém está falando sobre isso.
Mais uma de nós agredida com crueldade e ninguém liga.
Violência contra nós virou algo corriqueiro e sem ser merecedor de empatia.
— Robeyoncé Lima (@RobeyonceLima) June 25, 2021
Roberta foi vítima de mais violações no hospital, conforme aponta a codeputada. Segundo Robeyoncé, ela foi colocada na ala masculina da instituição, que não teria respeitado seu nome social.
A mandatária ainda criticou a falta de interesse da imprensa pelo caso e denunciou a naturalização da violência contra transexuais.
Depois, quero falar como esse caso demorou para chegar a mídia. Uma pessoa é INCENDIADA e isso não vira notícia? Ninguém sabe direito? Os corpos trans não só são violentados cruelmente, como essa violência é naturalizada
— Robeyoncé Lima (@RobeyonceLima) June 25, 2021