MST se solidariza com familiares de militante assassinado, na BA

Na sexta-feira (14), as trabalhadoras e trabalhadores do MST da Bahia, lançaram nota pública em solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de luta de José Raimundo Mota de Souza Júnior, conhecido como Júnior.

O militante que atuava no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) foi assassinado na quinta-feira (13) na Comunidade Quilombola de Jiboia, localizada no município de Antônio Gonçalves, no Norte Bahia.

O MST denuncia que os números alarmantes de assassinatos de trabalhadores rurais, que dispararam a partir de 2016 demonstram o país passa por um período de perseguição à luta dos movimentos e organizações populares e de suas lideranças. E que isso faz parte de um conjunto de articulações do agronegócio que tenta sufocar as bandeiras das lutas populares.

“A morte do companheiro Júnior se soma aos altos índices de violência. Não podemos esquecer do amplo processo de criminalização que tem atuado através de diversas frentes, representadas pelos poderes executivo, legislativo, judiciário e pelos grandes veículos de comunicação”, denuncia a nota.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), somente no primeiro semestre de 2017 ocorreram 47 assassinatos no campo, um dos índices mais altos dos últimos 32 anos.

Confira nota na íntegra:

Que nosso luto se transforme em luta!

Comprometido com a educação popular, defensor da Agroecologia e de melhores condições de vida aos pequenos produtores e comunidades quilombolas, José Raimundo Mota de Souza Júnior, conhecido como Júnior do MPA, por conta de sua militância no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), foi assassinado na tarde desta quinta-feira (13) na Comunidade Quilombola de Jiboia, localizada no município de Antônio Gonçalves, Norte baiano.

Enquanto trabalhava no campo com um irmão e um sobrinho, Júnior foi alvejado por tiros o que aponta fortes índices de execução. Seu irmão e sobrinho conseguiram escapar com vida. Segundo o relato dos vizinhos, minutos antes do assassinato, homens não identificados foram até a casa perguntando por Júnior, e os familiares informaram que estava trabalhando em seu lote.

A morte do companheiro Júnior se soma aos altos índices de violência, que de 2016 até então têm crescido de maneira alarmante. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) sistematizou que no primeiro semestre de 2017 ocorreram 47 assassinatos no campo, um dos índices mais altos dos últimos 32 anos.

Os números da violência apontam que vivemos um momento de perseguição contra a luta dos Movimentos e Organizações Populares e esse processo se complexifica, pois faz parte das amplas articulações do agronegócio que tem se empenhado em derrubar bandeiras de luta que são essenciais para construção de um país democrático e soberano.

Também não podemos esquecer do amplo processo de criminalização que tem atuado através de diversas frentes, representadas pelos poderes executivo, legislativo, judiciário e pelos grandes veículos de comunicação.

Júnior sempre apontou em sua prática militante a importância da denúncia a todas as formas de exploração para a construção de um projeto de sociedade mais humano, igualitário, sem perder de vista, a prática de valores essenciais para o desenvolvimento de homens e mulheres comprometidos com uma identidade de classe.

Nesse sentido, o MST se solidariza com os familiares, amigos e companheiros de luta do MPA diante do ocorrido e, desde já, reafirmamos o nosso compromisso de fortalecer a construção de um projeto popular para nosso país, combatendo toda forma de violência e denunciando as contradições do agronegócio, com o objetivo de avançar na conquista de novos territórios para o fortalecimento da soberania alimentar. Que Júnior permaneça presente em cada sopro de ousadia, em cada canto de esperança.

Pelos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio.
Mas, toda uma vida de luta!

Fonte: MST.

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