MST ocupa superintendência do INCRA para reivindicar políticas de agricultura

Mobilização reivindicou retomada de políticas voltadas para a agricultura familiar e camponesa

MST ocupa Superintendência Regional do Incra no DF – Foto: MST/DF e Entorno

Na tarde desta quarta-feira, 28, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Distrito Federal e entorno ocupou a sede da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A ação reivindicou que o Incra tome providências contra falsas denúncias que comprometem os projetos de desenvolvimento e infraestrutura do PA Oziel Alves III e também o imediato desbloqueio do crédito habitação para a construção de 168 casas das famílias. A ocupação foi realizada, principalmente, por famílias do Assentamento Oziel Alves, localizado em Planaltina (DF).

Com a pauta agrária paralisada no órgão, a ocupação serviu para pressionar a retomada do debate. “Foi uma mobilização de retomada de luta pela terra aqui no Distrito Federal, nunca paramos, mas viemos mostrar que queremos que destravem todas as políticas públicas que estão paralisadas, que vão desde a obtenção de incentivos para desenvolvimento produtivo até infraestrutura para os acampamentos e assentamentos em área federal”, explica o Marco Antônio Baratto, da Direção Nacional do MST no DF.

Durante a ocupação, também foi exigido agilidade na retomada da área de reserva legal, hoje invadida por grileiros, acesso aos créditos fomento mulher e fomento apoio produtivo e a retomada do programa Terrasol, de investimento na agroindustrialização e liberação de recursos para esse fim.

Cobranças ao GDF

No período da manhã, famílias sem terra dos assentamentos Oziel Alves e Roseli Nunes, localizados em Planaltina (DF), se reuniram com o secretário de Agricultura do Distrito Federal, Candido Teles de Araujo, e com o subsecretário de Política Sociais Rurais, Abastecimento e Comercialização, João Pires da Silva Filho, para debater sobre desenvolvimento e infraestrutura.


Famílias de assentamentos participam de reunião com representantes do Governo no Distrito Federal / MST/DF e Entorno

Na pauta de reivindicações, as famílias cobraram a consolidação do projeto popular de energia, com tarifa social e instalação de rede trifásica para garantir qualidade energética para consumo e produção. Também foi discutida a consolidação das outorgas da água e emissão das Declarações de Aptidão do Produtor (DAP), para garantir que todas as famílias possam comercializar seus produtos nos mercados institucionais.

A necessidade de melhoria das estradas e do transporte escolar também foram apresentadas. Na reunião com o secretário, as famílias também aproveitaram para debater sobre a criação de um fundo de investimento, via Banco de Brasília, de acesso a créditos específicos para a Reforma Agrária subsidiado pelo GDF.

Agricultura da morte

As atividades do MST no DF, que pediam a retomada das políticas para a agricultura familiar e camponesa, aconteceram no mesmo dia em que o governo federal publicou uma homenagem ao Dia do Agricultor, comemorado no dia 28 de julho, com a imagem de um homem segurando uma arma. A imagem teve bastante repercussão negativa e foi retirada das redes sociais do Governo.

Para o dirigente nacional do MST, Marco Antônio Baratto, a publicação expõe mais uma vez o tipo de agricultura defendida pelo governo Bolsonaro.

“Se de um lado existem movimentos sociais, movimentos sem terra que fazem a luta pela reforma agrária, pela democratização da terra no nosso país, pela agroecologia, por soberania e segurança alimentar, uma agricultura que produza de fato alimento saudável para o povo brasileiro. De outro lado, temos um governo fascista que comemora o dia do agricultor com uma arma, porque essa é a agricultura que eles defendem, a agricultura da morte, por causa do veneno, do latifúndio, da exploração, dos crimes ambientais e também dos assassinatos que esse tipo de agricultura vem promovendo na história da agricultura moderna, que hoje conhecemos como agronegócio. E o agronegócio é isso, é a morte, morte do campo, do solo, dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, dos sem terra, dos indígenas, quilombolas, e é isso que esse governo miliciano defende”, afirma.

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