Por Matheus Teixeira.
A antiga fazenda Santo Antônio das Lages hoje é local de moradia para mais de 50 famílias que fazem da terra fonte de renda e da produção de alimentos saudáveis.
Ao homenagear o protagonismo das mulheres na luta, o acampamento recebe o nome de “Quilombo Dandara”, nome de uma guerreira negra do período colonial que lutou bravamente ao lado de seu companheiro e líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi.
A conquista se consolida quando o decreto de desapropriação da área é assinado pelo governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT), nesta última quinta-feira (13). A área, que agora se transformará em mais um assentamento de Reforma Agrária, também é fruto da intermediação da Mesa Estadual de Diálogo e Negociação Permanente com Ocupações Urbanas e Rurais, criada no início do governo de Pimentel.
“Mais uma bandeira vermelha é cravada no coração do latifúndio. É mais uma história de luta e conquista do Movimento Sem Terra. A luta não para por aqui, nós sabemos que existem muitos territórios a serem conquistados e enquanto houver uma pessoa sem-terra a luta não para”, afirma Fernanda Evangelista da Silva, da direção estadual do MST.
Sobre os próximos passos, a dirigente destaca: “Seguimos em luta contra o golpe, pela Reforma Agrária, pela igualdade em toda a sociedade, pelo direito de plantar e colher seu próprio pão, pelo direito a uma alimentação saudável e uma vida digna”.
Organização
Apesar da conquista recente, o acampamento já conta com coletivos organizados de apicultores e granjeiros, beneficiários do Programa de Segurança Alimentar (PSA), que é uma parceria do MST com a Cáritas e o governo do estado.
Com uma grande produção de cereais como arroz e feijão, o Acampamento Dandara já oferece produtos agroecológicos, livre de agrotóxicos, para toda a população de Tiros há cerca de um ano. A produção das famílias fomenta a economia local e contribui para o desenvolvimento do município, que possui apenas 7 mil habitantes.