O procurador da República Roberto Farah Torres, do Ministério Público Federal em Santos, enviou na última sexta-feira (19) um ofício ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, solicitando informações sobre os critérios que serão adotados para a substituição no comando da Delegacia da PF na cidade litorânea, uma das maiores do país.
Em dezembro, a direção da Polícia Federal retirou da chefia santista o delegado Júlio César Baida Filho, transferido para o Rio de Janeiro. Seu substituto ainda não foi definido. Mudança ocorre no momento em que avançam investigações sobre um esquema de corrupção no porto de Santos.
A transferência de Baida Filho aconteceu após uma reunião com cerca de dez investigadores na sede da Polícia Federal santista. No encontro havia, além de delegados, procuradores da República e auditores da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas da União e da Receita Federal. A pauta era justamente irregularidades em contratos de empresas que atuam na área portuária.
O porto de Santos é área tradicional de influência de Michel Temer. Ele é investigado pelo suposto favorecimento da operadora de terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos. Em troca, haveria pagamento de propina. O negócio teria sido intermediado pelo ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o mesmo filmado com uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.
Favorito a assumir é o delegado José Roberto Sagrado Da Hora. Ele já tinha sido apontado como substituto de Baida Filho quando foi anunciada a troca de comando, mas servidores de órgãos envolvidos nas investigações no porto de Santos protestaram, alegando que a indicação de Da Hora agradaria a políticos ligados a Michel Temer. A nomeação, então, não aconteceu.
O procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, demonstrou preocupação com a mudança. “A atual chefia realiza um trabalho sério, primoroso e não conhecemos as razões para que esse brilhante trabalho seja interrompido.”