O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos dos Cidadãos, instaurou uma Notícia de Fato para acompanhar uma denúncia de prática de incitação de violência e discriminação contra indígenas por parte de policiais e jornalistas no Paraná. As manifestações foram desencadeadas depois de um acidente em uma rodovia federal dia 11 de novembro, que suscitou uma série de situações envolvendo policiais e indígenas nos dias seguintes.
No dia 3 de dezembro, o Brasil de Fato Paraná denunciou uma série de mensagens de ódio contra indígenas, enviadas por policiais em um grupo de troca de informações entre policiais e jornalistas. A repercussão da matéria fez com que o MPF instaurasse procedimento para “verificar a prática de incitação de violência e discriminação contra os indígenas por repórteres, policiais e apresentadores de programa televisivo”.
Na troca de mensagens, o policial militar José Batista dos Santos, capitão da 6ª Companhia da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) do Paraná, defendeu que agentes deveriam bater em indígenas até “deixar o lombo mais mole que a barriga”.
Em seguida, o investigador de Polícia Civil Juliano Riboli, do Núcleo de Operações com Cães (NOC), acrescentou: “esses ‘seres’ não respeitam nada nem ninguém. Senta o dedo PRF. Fazer essas ‘coisas’ aprenderem na marra a respeitar a lei e os outros”.
Segundo informações do MPF, o Comando da Polícia Rodoviária Estadual e a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná têm 15 dias para dar explicações sobre as denúncias.
Mensagens de ódio na imprensa
Antes das denúncias do Brasil de Fato Paraná, no dia 24 de novembro, o MPF havia instaurado uma Notícia de Fato para averiguar denúncia contra o repórter televisivo Luciano Alves, apresentador da Tribuna da Massa, programa transmitido pela TV Naipi, em matéria publicada no site De Olho nos Ruralistas.
A reportagem afirma que “o apresentador, ao tratar da questão teria, na edição de terça-feira (17), acusado ‘os Kaingang, sem provas, de colocar óleo na pista da BR-277 para provocar acidentes e saquear os motoristas”.
Segundo o documento, “em outro momento na mesma reportagem, o apresentador teria proferido as seguintes palavras: ‘Agora vai ter mais: a polícia pode descer bala. Agora é bala de borracha, é bomba, é gás em cima desses índios. E que sejam punidos. Vocês sabem das regras, vocês não andam pelados, com a cara pintada, não têm aquelas gotas de prato não. Então vocês prestem atenção. Vocês vão para a cadeia. Quadrilha!'”.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini.