O Ministério Público espanhol pediu nesta segunda-feira (01/03) mais cinco anos de prisão contra o rapper catalão Pablo Hasél.
Músico, que foi preso no dia 16 de fevereiro, também foi acusado, junto com outras dez pessoas, de “perturbar a ordem pública” e de “incitar uma multidão” em Lérida, na Espanha, em 25 de março de 2018, durante protestos contra a detenção de Carles Puigdemont, ex-líder da Catalunha.
O pedido de aumento dos anos de prisão foi divulgado pelo jornal El Mundo e se soma a outras penas que recaem sobre Hasél.
Em 2018, ele foi acusado de “enaltecer o terrorismo” e “difamar a corte” por escrever canções contra a monarquia e a polícia espanhola.
A acusação contra o artista se deu por publicações contra o monarca Juan Carlos I, que abdicou do trono em favor de seu filho Felipe VI em 2014, e denúncias de tortura e assassinato cometidos por policiais contra manifestantes e imigrantes.
Outras penas
Em 2014, Hasél foi condenado a dois anos de cárcere por escrever músicas como Libertad presos políticos, Obama Bin Laden e No me da pena tu tiro en la nuca, publicadas entre 2009 e 2011 em seu canal no Youtube. À época, a sentença ficou suspensa pelo fato do rapper não ter antecedentes e a condenação não ultrapassar dois anos.
A segunda condenação de Hasél, e esta que o levou à prisão em fevereiro, foi por mensagens escritas em seu perfil no Twitter, entre 2014 e 2016, em que ele menciona membros dos grupos ETA e GRAPO.
No caso desta segunda condenação, o artista recorreu, e seu caso foi encaminhado aos tribunais superiores. Sendo que, em 2020, o Tribunal Superior (TS) espanhol aprovou a sentença.
Outra acusação aplica 12 meses de multa ao músico pelos mesmos motivos das penas acima.
Prisão e manifestações
Hasél tinha até 12 de fevereiro para cumprir a ordem de prisão e se entregar às autoridades de forma voluntária e, assim, cumprir uma pena de nove meses de prisão, com base na sentença emitida em 2018. Como o rapper não se entregou, a polícia o retirou do campus da Universidade de Lérida, na Catalunha, local que o músico estava entrincheirado.
A condenação do artista causou clamor na sociedade espanhola e fez com que governo falasse em mudanças na chamada “lei da mordaça”, que proíbe críticas à monarquia e à Igreja Católica.
Personalidades artísticas como o cineasta Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem assinaram uma petição pela liberdade do artista. Milhares de pessoas foram às ruas em diversas regiões da Espanha nas noites seguintes à prisão.
Hasél, por sua vez, comunicou em seu Twitter, antes de ser preso, que “hoje sou eu, amanhã pode ser você por denunciar os culpados por prejudicar tantas vidas”. E diz que o que está em jogo são as “liberdades” dos espanhóis.