Consagrados artistas brasileiros vão fazer tour pela europa no próximo mês e devem passar por Israel
Por Patrícia Dichtchekenian.
Mais de 25 grupos sociais, comitês e organizações da sociedade civil — como a Frente em Defesa do Povo Palestino, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a Assisp (Associação Islâmica de São Paulo) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) — se juntaram ao coro de críticos ao show dos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso em Tel Aviv, previsto para 28 de julho.
Em carta publicada nesta sexta-feira (12/06), movimentos sociais recordam o legado de resistência dos dois artistas durante a ditadura civil-militar brasileira e expressam incômodo com a apresentação marcada na capital israelense, já que coincide com o aniversário de um ano da operação israelense “Margem Protetora”. Durante 70 dias de conflito na Faixa de Gaza, mais de 2.200 palestinos — a maioria, civis — morreram.
“A repressão, opressão e limpeza étnica seguem na Cisjordânia, Faixa de Gaza e mesmo dentro de Israel. Imigrantes e refugiados africanos no país também sofrem as consequências de políticas racistas institucionalizadas por esse Estado”, denunciam ativistas brasileiros, em carta que Opera Mundi teve acesso.
“Performances em Israel só servem para normalizar uma situação injusta e igualar o ocupante ao ocupado e o opressor ao oprimido, promovendo, portanto, a continuação da injustiça. É apoio, mesmo que tácito, às políticas de apartheid, colonização e ocupação perpetradas por Israel”, acrescentam.
Em carta, Roger Waters pede que Caetano e Gil cancelem shows em Israel
Juntos, todos expressam apoio ao movimento global BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), especialmente à campanha brasileira “Tropicália não combina com apartheid”. O documento vem uma semana após Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil, enviar uma carta aos músicos com pedido semelhante de cancelamento.
Convidando Caetano e Gil para fazer parte da campanha da BDS, os movimentos sociais brasileiros ainda lembram artistas que vêm se recusando a tocar em Israel, como Elvis Costello, Carlos Santana, Roger Waters, Devendra Banhart, os Pixies e, mais recentemente, a cantora Lauryn Hill.
“A participação em um show em Israel não é um ato neutro, desprovido de qualquer mensagem política. Ao participar de um evento em Israel, vocês estarão apoiando a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade”, argumentam.
Leia abaixo a carta na íntegra:
Carta para Caetano e Gil