A possibilidade de um integrante do União Brasil ou de outros partidos de direita assumirem a chefia do Ministério das Comunicações no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume no próximo domingo (1º), é alvo de questionamento de movimentos ligados ao setor.
Entidades que tiveram participação ativa no processo de transição assinaram uma carta-manifesto. Entre os signatários, estão organizações como Intervozes, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e Central Única dos Trabalhadores (CUT).
“Movimentos, entidades e pessoas signatárias desta nota pública recebemos com temor a notícia de que o Ministério das Comunicações pode ser entregue ao União Brasil ou a outros partidos de direita. Ainda que a governabilidade seja uma questão no regime político brasileiro, não é razoável cogitar que um partido que até ontem esteve com Jair Bolsonaro controle uma área essencial ao combate à extrema direita”, diz o manifesto.
“Saímos de mais uma eleição em que ficou nítida a influência da mídia e das plataformas digitais no debate público. A partir desses espaços, o bolsonarismo foi urdido, alcançou a Presidência da República e criou um sistema político e cultural que, à base de muita desinformação, segue ameaçando a democracia. Para mudar esse cenário, é preciso encarar as comunicações como estratégicas, não como moeda de troca política”, afirmam as entidades.
Ainda segundo o texto, “o Brasil não pode seguir alheio ao debate mundial sobre o tema, cada vez mais central na própria geopolítica e no dia a dia da população. Vivemos uma profunda transformação social estimulada pelas tecnologias da informação e da comunicação. Educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos, trabalho e tantas outras áreas fundamentais têm sido impactadas por elas”.
A entrega do ministério para o União Brasil faria parte de um acordo entre Lula e os partidos de centro para a formação da base do governo no Congresso Nacional. Nessa perspectiva, surge o nome do deputado Paulo Azi (União Brasil-BA) para liderar o ministério.
Anteriormente, o nome cogitado para a pasta era o do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que agora deve ir para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O presidente Lula concede coletiva à imprensa nesta quinta-feira (29), às 11h, para indicar os nomes que ainda faltam para fechar o quadro de ministros. Até agora, 21 de um total de 37 nomes foram indicados.
Edição: Glauco Faria