Por Railídia Carvalho.
O balcão de negócios que prolifera no Congresso Nacional coordenado por Michel Temer não intimida os movimentos sociais e sindicais. A Frente Brasil Popular organiza para esta quarta-feira (2) atos e vigílias pelo Brasil pedindo a aceitação da denúncia contra Temer. Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo são alguns dos estados que confirmaram atos ou vigílias.
Temer foi denunciado por corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Nesta quarta, o plenário da Câmara decide se autoriza que o processo contra o presidente continue no Supremo Tribunal Federal. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou no dia 25 a mobilização no campo e na cidade contra a corrupção no governo federal e no Congresso. Nesta quarta, aproximadamente mil trabalhadores rurais ocuparam a sede do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) no Recife. Na Bahia, o órgão segue ocupado.
Segundo Alexandre Conceição, da Coordenação Nacional do MST, a jornada de ocupações do MST seguirá até esta quarta. “Neste dia vamos nos somar aos atos chamados pela Frente Brasil Popular em todo o país. A classe trabalhadora precisa entender que o golpe não foi contra Dilma mas para poder retirar direitos. Não vamos permitir”, completou.
João Paulo Ribeiro, secretário de trabalhadores do serviço público da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o JP, confirmou ao Portal Vermelho que a mobilização se intensificou nos últimos dias com o objetivo de incorporar a população em geral.
Panfletagens em feiras livres, estádios de futebol e aeroportos estão convocando a população para ocupar a Esplanada dos Ministérios, a partir das 17h, e aumentar a pressão sobre os deputados que votarão a denúncia da PGR.
“O papel do dirigente é continuar na luta independente de avaliar que a maioria no Congresso não nos representa. Sabemos de todas falcatruas de distribuição de emendas. Estamos fazendo o nosso papel e continuamos acreditando.”
Na opinião do dirigente da CTB (foto), a campanha de criminalização da política prejudica o trabalho do movimento social. “Acham que todo o político é ladrão daí quando você fala em um outro tipo de político que tem defendido os direitos, a população muitas vezes coloca no mesmo bolo”, opinou JP.
De acordo com ele, há uma descrença generalizada, o que dificulta uma grande concentração de pessoas nas ruas. “Aqueles que ocuparam as ruas pedindo o impeachment da Dilma agora estão envergonhados. De outro lado, temos as pessoas que estão abatidas. Não podemos desanimar, precisamos acreditar no desempenho da sociedade.”
A União Nacional LGBT (UNA LGBT) também estará presente nas manifestações convocadas pela Frente Brasil Popular. Andrey Lemos, presidente da entidade, afirmou que os “brasileiros e as brasileiras” devem se manter mobilizados em vigília pressionando os parlamentares para que a justiça seja feita.
“As provas existem, o parlamento e o judiciário precisam cumprir seus papéis, o presidente usurpador precisa ser afastado imediatamente, precisamos de eleição para trazer de volta uma estabilidade para país.”
Segundo Andrey, a luta em defesa da democracia, da classe trabalhadora e contra os retrocessos não pode dar trégua aos que estão promovendo o desmonte de direitos sociais e trabalhistas no país.
“Por isso estaremos fortalecendo as atividades que têm como objetivo enfrentar as reformas golpistas e defender a soberania popular”, enfatizou Andrey.
As três lideranças citaram a defesa das eleições Diretas Já como uma das bandeiras da mobilização da semana. “Derrotar o golpe é garantir eleições Diretas Já. O Fora Temer da Globo não é o nosso porque o objetivo deles é tirar Temer e colocar o Maia”, lembrou Alexandre.
Fonte: Portal Vermelho.