Por Felipe Mascari.
São Paulo – Representantes do movimento negro em São Paulo realizarão uma manifestação, neste sábado (7), em frente ao supermercado Ricoy, na zona sul da capital paulista, em protesto contra a tortura cometida pelos seguranças do estabelecimento, que chicotearam um jovem negro a quem acusam de tentar furtar uma barra de chocolate. A manifestação vai denunciar o histórico de agressões no Ricoy, a violência generalizada contra pessoas negras, além de oferecer proteção à vítima.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as denúncias contra a rede de supermercados. O processo, instaurado na tarde desta quinta-feira (5), investigará também imagens que mostram um outro homem com marcas de chicotadas, e também de uma criança sofrendo tortura psicológica dentro de uma unidade do Ricoy.
Luana Vieira, integrante Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio e da Uneafro, convocou o ato para denunciar os crimes, mas também para conversar com os representantes do mercado. “Eles têm que ser se responsabilizados. Não adianta só pedir a prisão dos seguranças, precisamos saber o que acontece na rede deste supermercado como um todo e que seja realizado um treinamento para os funcionários. Não vamos mais tolerar a violência contra o povo preto”, afirmou à RBA. O ato em frente ao supermercado , na Avenida Yervant Kissajikian está marcado para as 12h. .
Os coletivos negros também querer garantir a proteção do jovem torturado, após a repercussão da imprensa sobre o caso. “A mídia fala que ele está bem, mas não é nada disso. Eu fui até a ocupação em que ele mora, estive com o Emerson, que está muito acuado e com medo. Eles sofrem repressões diárias, então precisamos atuar para protegê-lo”, disse Luana.
Segundo ela, ideia é buscar um diálogo com a KRP Valente Zeladoria Patrimonial, responsável pela segurança do supermercado Ricoy. Nas redes sociais, é especulada a realização de um outro ato, também no sábado, na sede da empresa, também localizada na zona sul. Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes, ambos funcionários da KRP, tiveram a prisão temporária decretada pela Polícia Civil.
Ainda nesta quinta-feira (5), a Coalizão Negra por Direitos protocolou, no Ministério Público Federal e no Ministério Público Estadual, um documento pedindo a imediata instauração de inquérito nos órgãos para investigar a denúncia de tortura contra o adolescente de 17 anos.