Motins em quatro prisões no Equador deixam ao menos 79 mortos

Quatro centros penitenciários registraram confrontos entre detentos; autoridades falam em disputa por controle prisional. Foto: Reprodução/@FiscaliaEcuador

O Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI) do Equador afirmou nesta quarta-feira (24/02) que ao menos 79 pessoas morreram em quatro prisões do país após motins entre organizações criminosas.

Os atos de violência começaram nesta terça-feira (23/02) na prisão regional e na Penitenciária do Litoral, na cidade de Guayaquil (Guayas), na prisão de Turi, em Cuenca (Azuay), e no centro de reabilitação de Latacunga (Cotopaxi), onde os internos, que sequestraram vários agentes penitenciários, provocaram confrontos com outros internos. Segundo o órgão equatoriano, a situação foi controlada.

Edmundo Moncayo, diretor-geral do SNAI, declarou que os motins aconteceram por conta de uma disputa interna pelo controle das prisões, cerca de 38 mil presidiários estão vinculados às organizações criminosas. “O SNAI continua pesquisando mais informações das perdas humanas e demais aspectos relacionados aos episódios”, disse o serviço.

Em dezembro de 2020, de acordo com o jornal El Telégrafo, uma das lideranças do grupo Los Choneros morreu. Com o lugar vago, membros de outras facções buscam poder dentro das penitenciárias.

Moncayo afirmou que uma vistoria na segunda-feira (22/02) encontrou duas armas de fogo em uma das prisões relacionadas nos motins, objeto que poderia ser usado para atacar líderes e membros das organizações. O jornal aponta que as armas encontradas podem ter alertado os prisioneiros em antecipar um ataque.

O diretor-geral do SNAI também frisou que nenhum agente penitenciário ficou ferido e que os funcionários do serviço social deixaram as penitenciárias a tempo. No entanto, alguns dos 800 policiais destacados para conter o confronto ficaram feridos, sem ainda especificar o número.

Para ele, é necessário uma modificação na legislação prisional equatoriana e impor medidas que possam evitar tais incidentes. De acordo com Moncayo, há uma falta de investimento ao setor, uma ação que ocasionou até em dívida com 70% dos agentes penitenciários.

Repercussão

Andrés Arauz, candidato à Presidência do país pela coalizão progressista União Pela Esperança (Unes), exigiu que o mandatário Lenín Moreno se responsabilize pelo ocorrido nas prisões.

Vencedor do primeiro turno das eleições, Arauz declarou que “nunca antes” conflitos assim haviam acontecido no país, afirmando que o governo “permitiu que o crime tomasse conta de nossas cidades e roubasse a tranquilidade dos equatorianos”.

“Exigimos que Moreno assuma a responsabilidade e proteja a vida dos policiais, das pessoas privadas de liberdade e de todos os cidadãos. O país não pode mais suportar a ausência de lideranças e decisões em favor da vida dos equatorianos”, disse.

Por sua vez, Guillermo Lasso, que disputa o segundo turno com Arauz pelo partido de direita Movimento CREO, apontou ser necessária uma reforma no sistema prisional do Equador e uma “abordagem de reabilitação”, que possa garantir a “segurança das pessoas privadas de liberdade, da Polícia Nacional e dos cidadãos”.

“A inação do governo é inaceitável. Precisamos de uma liderança firme que libere as prisões do controle do crime organizado e das máfias”, afirmou o direitista.

(*) Com Telesur e Sputnik.

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