Histórias, vivências, alegrias, dificuldades, cultura, imposições da sociedade e outros diversos aspectos que afetam o corpo feminino foram bordados por um grupo de 28 mulheres que assinam a mostra coletiva “As linhas do corpo”. A exposição de bordados contemporâneos, aberta no dia 5 de setembro, é a primeira do gênero a ocupar o Espaço Cultural BRDE, em Florianópolis. Os trabalhos podem ser conferidos até o dia 28 de setembro, das 9 às 19 horas (Avenida Hercílio Luz, 617, Centro).
Uma das organizadoras da mostra, a psicoterapeuta e bordadeira Susan Mariot explica que a exposição alia arte terapia e psicologia corporal, elementos do trabalho e da convivência dela com o grupo de mulheres. “Cada peça é resultado da reflexão e da criação da mulher sobre esse assunto tabu que é o corpo feminino.”
Susan e as companheiras de exposição são adeptas do bordado livre, libertador, muito diferente dos bordados convencionais, aqueles que as mães e avós faziam para o enxoval das meninas, com avesso perfeito. “Temos a liberdade de misturar materiais e, a partir de um erro, partir para uma nova forma, sem preocupação com o verso porque a gente tem muitos lados”, explica.
A designer e bordadeira Priscila Mendes Gobbi, coorganizadora da mostra, acrescenta que a prática do bordado livre permite se libertar de preconceitos, medos e modelos, além de propiciar que se aprenda com o coletivo. No aspecto emocional, ela relata que “poder se expressar traz acalento, aconchego para a alma”.
Nas suas composições, as bordadeiras utilizaram elementos variados como papel, fotografia, tela, gase, feltro, cabelo e as mais diversas linhas e fios. “Tudo que tem significado e valor para você, você pode colocar no bordado”, ensina Susan.
Inspiração
Algumas bordadeiras que participam da mostra se reúnem uma vez por mês para bordar juntas, conversar e trocar experiências. Para elas, o bordado é uma forma de expressão e de promoção da saúde física e mental.
Uma fonte de inspiração é o trabalho do Grupo Matizes Dumont, formado por integrantes de uma família de Pirapora (Minas Gerais), que se dedica às artes visuais e gráficas e ao desenvolvimento humano. Os Dumont (a mãe, quatro filhas e um filho) usam o bordado espontâneo, feito a mão, como linguagem artística e instrumento de transformação social e cultural.