Dados referentes ao ano de 2016 revelam que, dos 4.224 assassinatos, 76,2% eram negros e 81,8% deles tinham entre 12 e 29 anos. Dados escandalosos que revelam do profundo racismo que assassina a juventude negra no Brasil.
(Os dados são do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2017.)
Em um ano, as corporações civil e militar da polícia foram responsáveis por 4.224 óbitos registrados durante operações, uma alta de 25,8% em relação a 2015 (quando houve 3,3 mil casos). Em 2009, o total foi de 2.177 registros do tipo.
Em oito anos, 21.897 pessoas morreram em ocorrências que foram registradas como “decorrentes de intervenção policial”. Os casos têm de ser apurados para que a conduta do policial seja classificada como legítima ou excessiva, podendo fazer com que ele responda por homicídio. “Muitos casos não são investigados, então não sabemos em quantos deles os policiais usaram a força de forma legítima e em quantos o que aconteceu foi execução”, disse a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.
Um retrato do racismo
Pela primeira vez, a entidade levantou informações sobre as vítimas desse tipo de letalidade: 81,8% tinham entre 12 e 29 anos e 76,2% eram negras. “A juventude está muito vulnerável a esse tipo de ação policial”, acrescentou Samira.
As forças repressivas, no Brasil, foram criadas para perseguir os escravos e seguem ainda hoje sua função, assassinando cada vez mais os jovens negros. E o Judiciário que também tratava das questões de propriedade dos negros no Império, segue deixando impunes milhares de mortes ainda hoje.
O maior crescimento foi notado no Estado do Rio. De 2015 para o ano passado, os mortos pela polícia saltaram de 645 para 925.”Mas não é só lá. É uma tendência que se repete em outros Estados”, diz Samira. Em São Paulo, o número passou de 832 para 856. A maior taxa foi constatada no Amapá, onde houve 59 mortes por 100 mil habitantes em ações policiais.
Basta de impunidade
Precisa acabar a impunidade sobre os casos de violência policial. É urgente a apuração, investigação e punição por cada assassinato pelas mãos da polícia. E sabendo que o Estado é o principal conivente e responsável, não podemos confiar que ele vá apurar e punir. Portanto, é preciso de uma comissão independente de investigação conduzidas pelos moradores, sindicatos, organizações de direitos humanos e centros acadêmicos.
Por tudo isso, se mostra que é não é apenas a Polícia Militar, mas também o Exército, a Força Nacional, Polícia Civil e destacamentos especiais como BOPE e GOE, responsáveis pelo verdadeiro extermínio da juventude negra em nosso país. A própria ONU já recomendou o fim da Polícia Militar no Brasil.
Não é possível acabar com esse assassinato em massa apenas com a desmilitarização da polícia. Para ir na raiz, é preciso que as organizações de esquerda assumam para si o programa de fim imediato da Polícia Militar e também o programa da abolição de todos os aparatos repressivos do Estado.
Fonte: Esquerda Diário.