Na sexta-feira (15/04), morreu aos 97 anos de causas naturais, em um hospital militar no Rio de Janeiro, um dos militares mais truculentos do período da ditadura militar brasileira, Newton Araújo de Oliveira Cruz, o general Newton Cruz.
O general Newton Cruz era conhecido por ser um dos homens da linha dura do regime. Na estrutura do Serviço Nacional de Informações (SNI) foi diretor da Agência Central do órgão em Brasília. A sua função era coordenar as atividades de forma centralizada, absorvendo as informações de todos os escritórios e agências, catalogando, processando, separando informes e enviando aos escritórios competentes para posterior utilização ou arquivamento. Foi braço direito do general Emílio Garrastazu Médici quando este chefiou o SNI, entre os anos de 1967 a 1969.
No governo militar de João Batista Figueiredo (1979 a 1985), insatisfeito com a continuidade do processo de reabertura política que foi designado como uma “abertura lenta, gradual e segura”, Newton Cruz articulou um grupo de militares para realizar o atentado a bomba no show em homenagem ao Dia do Trabalhador no Riocentro, no dia 31 de abril de 1981. Porém, o atentado acabou com a morte de um dos agentes e deixando o outro gravemente ferido.
Newton Cruz tem uma lista de crimes no período da ditadura militar. Foi acusado pela morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten (1982). Em maio de 2014, foi denunciado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) pelo atentado a bomba no Riocentro, junto com mais quatro oficiais da reserva do Exército. Porém, em julho de 2014, foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, porque o tribunal considerou o crime prescrito e que teria perdido o efeito com a Lei da Anistia.
A morte do general Newton Cruz é lamentável, não pelo ser humano que foi, mas por ser mais uma marca da impunidade do período militar, quando homens e mulheres foram perseguidos, presos, torturados, mortos e desaparecidos, enquanto os criminosos seguem morrendo de velhice sem pagar pelos seus crimes.