Por Martina Silva.
Entre os 40 combatentes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) mortos recentemente por ações do Exército colombiano, estão dois comandantes da guerrilha. Um deles, Jairo Martínez, de 63 anos, era integrante da delegação de paz que negocia, em Havana, uma saída para o conflito armado que já dura mais de meio século. O fato foi confirmado, nesta quarta-feira (27/05), pelo comandante Pastor Alape, negociador das FARC. “O destino da Colômbia não pode ser o da guerra”, disse, em um comunicado.
A ação ocorreu após a morte de 11 soldados colombianos em uma emboscada realizada pelas FARC.
De acordo com informações da guerrilha, Martínez estava em um acampamento onde desenvolvia trabalho de “pedagogia da paz”, com o objetivo de preparar os guerrilheiros para fim do conflito. Juntamente com Alape, também foi morto o comandante Román Ruíz, integrante do Estado Maior Central da insurgência.
Após os bombardeios realizados pelo Exército, que a guerrilha classifica como “massacre”, asFARC decidiram romper a trégua unilateral e indefinida que havia sido anunciada em dezembro e que tinha como objetivo levar o governo para um cessar-fogo bilateral, enquanto as conversas de Havana são realizadas, o que é uma reivindicação dos movimentos sociais do país.
Apesar do aumento da tensão entre a guerrilha e o governo, não houve nenhum movimento das partes para abandonar as negociações.
A insurgência pediu, no entanto, que organismos colombianos e internacionais de medicina legal e forense investiguem o fato de que alguns dos guerrilheiros foram mortos quando já estavam feridos, com “tiros de graça” – o que, segundo as FARC, “é uma flagrante violação do Direito Internacional Humanitário e ao Direito Penal Internacional”.
Agência Efe
Sequencia de três bombardeios do Exército matou mais de 40 insurgentes
“Queremos afirmar de maneira enfática que o governo de [Juan Manuel] Santos se equivoca se pensa que com os corpos destroçados e o sangue de nossos companheiros vai nos impor uma justiça que não persegue a responsabilidade dos poderosos”, disse Alape, em seu pronunciamento habitual feito em Havana.
Para justificar o bombardeio às FARC, Santos afirmou, na última sexta-feira (22/05), que “esta é uma ação legítima do Estado, em defesa e proteção da cidadania”. Um dia depois, no entanto, disse estar disposto a “acelerar as negociações para “encerrar a guerra o mais rápido possível”.
Fonte: OperaMundi.