Por Odilon Rios.
Foi em União dos Palmares, às margens do rio Mundaú, que nasceu uma das principais referências nos estudos sobre o Bolsa Família em Alagoas e tratado por todos com um futuro promissor na Geografia brasileira.
De família humilde, o alagoano Fernando Antônio da Silva tinha 26 anos e já era doutor na área que mais gostava. Completaria 27 anos no dia 31 de março. Estava no Ceará, na cidade de Sobral, em um estágio de pós-doutorado na Universidade Estadual Vale do Aracaú (UVA), quando se sentiu mal no domingo, 4, e morreu em uma pousada. Ele teve um infarto.
Fernando fez mestrado e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Estava no pós-doutorado pela UVA. Parte de sua história de vida virou objeto de estudo. Ele buscou entender o funcionamento do programa Bolsa Família na região canavieira de Alagoas
Em 5 de janeiro, escreveu em sua conta pessoal no Facebook sua preocupação com os cortes federais no Bolsa Família. “Em minha opinião, uma das questões mais sérias em relação ao Bolsa Família é a maneira como as técnicas mais modernas do período vêm sendo usadas para dificultar a transformação desse Programa em um direito. No governo golpista de Temer, a instabilidade que isso causa na vida das beneficiárias é muito preocupante”, explicou.
Em seu currículo, atuava nos temas: pobreza, cidadania, circuitos da economia urbana, políticas de transferência de renda (especialmente no Bolsa Família), urbanização e globalização e regionalização. Era referência, em Alagoas, nos estudos de Milton Santos (1926-2001), brasileiro de referência internacional nos estudos de urbanização nos países em desenvolvimento.
Seu corpo deve ser trasladado para Alagoas. Ainda não há informações sobre velório e enterro. A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), campus União dos Palmares, decretou luto oficial de 3 dias.
Lamentável tal perda como toda a perda de alguém que está fazendo algo decente para o povo, agindo para vê-lo salvo das intenções de tantos pilantras gananciosos que o querem escravizado, alienado, ignorante e, assim, controlado. Canalhas da pior espécie continuam vivos e saudáveis atuando na política brasileira, decidindo contra o povo e sempre motivados por interesses próprios. Meu lamento aqui, pela perda desta pessoa que a notícia me apresenta como um lutador em nome do povo, acaba por dar uma possível impressão de que eu digo que os bons morrem e ficam os canalhas, os pilantras, mas não é assim. Eles também morrem, mas o problema é que existem e enquanto vivem, se por pouco ou muito tempo (na minha opinião sempre vivem muito tempo) só o que fazem é destruir nossas vidas que poderiam ser maravilhosas. Pessoas como o jovem falecido são insubstituíveis, mas seu lugar deve ser ocupado urgentemente por uma nova pessoa, tal como ele.