O presidenciável Sergio Moro (Podemos), ex-juiz declarado suspeito e parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em ações contra o ex-presidente Lula (PT), recebeu cerca de R$ 200 mil para dar um parecer, de 54 páginas, para o empresário israelense Beny Steinmetz.
O caso ocorreu em novembro de 2020 e o empresário bilionário é pivô de uma disputa com a Vale. O parecer de Moro foi contrário aos interesses da mineradora brasileira e favorável ao israelense.
De acordo com reportagem de Ranier Bragon, na Folha de S.Paulo, o assunto se tornou público dias depois que Moro concluiu a quarentena de seis meses que cumpriu, em função de sua participação no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Meses após o parecer, Moro foi contratado pela consultoria estadunidense Alvarez & Marsal, que administra o processo de recuperação judicial da Odebrecht e de outras empresas quebradas por ação Lava Jato, então comandada pelo ex-juiz.
O parecer elaborado por Moro contra a Vale e favorável a Steinmetz se refere a um caso em que a mineradora busca receber uma indenização bilionária devido ao fracasso da joint venture (parceria por tempo limitado) com o empresário para a exploração de uma das maiores minas de minério do mundo: a de Simandou, na República da Guiné, país da África Ocidental.
O israelense tenta reverter decisão do tribunal arbitral, em Londres, na Inglaterra, que o condenou a indenizar a Vale em US$ 2 bilhões.
Um ano após as negociações, o presidente eleito da República da Guiné, Alpha Condé, começou a investigar as concessões minerárias no país. Ele teria detectado que Steinmetz pagou propina, em 2008, para o ditador Lansana Conté, um militar que subiu ao poder depois de um golpe de estado e conduziu a nação por 24 anos.
Bilionário israelense é alvo de investigação por corrupção e lavagem de dinheiro em Israel, Suíça, EUA e Guiné
Com as denúncias, a Vale abandonou o projeto e tentou reparação por ter sido enganada, segundo a mineradora, pelo israelense, que é alvo de investigação por corrupção e lavagem de dinheiro em Israel, Suíça, Estados Unidos e na própria Guiné.
Moro, em seu parecer, acusa diretores da Vale de terem prestado informações falsas e ocultado do mercado e seus acionistas, de forma fraudulenta, as condições reais do negócio celebrado com a empresa de Steinmetz em relação aos direitos de exploração sobre Simandou.