Sabemos que a realidade do nosso país muitas vezes impede que o povo trabalhador brasileiro tenha empregos formais, de carteira assinada e tudo que tem direito. Mas somos persistentes e conseguimos pensar em formas de conseguir sobreviver e os moradores de Minas nos deram uma linda lição de humanidade sobre isso.
Mas, o poder público as vezes não entende a necessidade da população, e em vez de orientar na melhor forma de regularizar os negócios informais (que temos aos milhares no país), simplesmente apreende mercadorias de pais de família.
Desde quarta-feira vem circulando alguns vídeos na internet mostrando um grupo de pessoas agindo de forma rápida para impedir que um ambulante tenha mercadorias levadas por agentes de fiscalização. O que ele vendia? Coxinha e suco. Sim, isso mesmo.
As imagens são de uma praça na cidade de Montes Claros, Norte de Minas, e surpreendem pelo gesto da população: eles se juntam para ajudar o vendedor, comprando todos seus salgados e sucos rapidamente. Em um trecho uma senhora fala: “A gente só não pode é roubar, mas tem que trabalhar”. Assista:
https://www.instagram.com/p/BgobjW8huhE/?taken-by=razoesparaacreditar
Nos comentários do vídeo, muitos apoiaram a decisão dos moradores:
A Fernanda disse “Isso é que é um refrigério pra alma!”. A gente também acredita nisso.
E atenção: não estamos falando que ele estava vendendo DVDs piratas, roupas falsificadas, ou qualquer mercadoria que prejudique outras empresas, estamos falando de coxinha e suco. Um pouco de humanidade e discernimento é importante, né?
O Wagner Ribeiro gravou mais alguns trechos, nesse podemos claramente as coxinhas e sucos sendo vendidos rapidamente entre a população:
Se você souber o nome do vendedor, nos avise, para que todos o conheçam.
OBS: Estamos abertos para conversar com a Prefeitura e escutar o outro lado.
[ATUALIZAÇÃO]
O G1 falou com Leonardo, que está desempregado, em sua casa na tarde desta quinta-feira. Ele afirmou que as vendas seriam para comprar um botijão de gás. “Fui somente com a intenção de fazer R$ 100, para comprar o gás e uma feirinha para casa. Com a abordagem dos fiscais, eu comecei a distribuir os salgados e sucos, mas a população não quis e começou a me pagar. Graças a Deus consegui o dinheiro que precisava”, diz, emocionado. O vendedor não tinha autorização para trabalhar no local.
“Se eu tivesse dinheiro, eu teria minha padaria. Como não tenho dinheiro, tenho que ir para a rua e vender meus produtos”.
Leonardo voltou da cidade de São Paulo há pouco mais de quatro anos e, até então, não conseguiu um emprego fixo. Ele mora em um barracão alugado com a esposa, e paga R$ 350 por mês.
“Se eu tivesse dinheiro, eu teria minha padaria. Como não tenho dinheiro, tenho que ir para a rua e vender meus produtos. Tenho que pagar meu aluguel, tenho minha feira, água, luz. Se eu não pagar, quem vai pagar por mim? Já aconteceu de eu ficar, com minha esposa, até as 2h da manhã produzindo os salgados para poder revender”.
Crédito de foto: Reprodução Facebook Wagner Ribeiro – G1.