As furgonetas que semanalmente levam os familiares dos presos até às prisões mais distantes iam à frente da marcha, que partiu de La Casilla pelas 17h45. Nessa altura, já todo o percurso da manifestação, de La Casilla até à Câmara Municipal, estava abarrotado de gente, o que apontava para uma nova mobilização histórica.
Depois das furgonetas, seguiam os familiares dos presos e refugiados, em filas e com bandeirolas pelo repatriamento. Foram eles que abriram caminho à faixa principal, na qual ia inscrito o lema de mobilização: «Giza eskubideak, irtenbidea, bakea. Euskal presoak Euskal Herrira. Repatriate all basque prisoners».
A faixa era levada por alguns dos promotores da mobilização, como Eñaut Gantxegi, Iñaki Olasolo, Paulo Agirrebaltzategi, Arantza Gutiérrez, Paco Letamendia, Eba Ferreira, Itxaso Fernández, Estitxu Garai, Irati Tobar, Begoña Zabala, Juan Ibarrondo, Juanje Soria e Oskar Bañuelos.
Os representantes dos agentes políticos, sociais e sindicais que aderiram à mobilização, tanto bascos como internacionais, seguiam atrás deles e, depois, os muitos milhares de pessoas que não quiseram faltar a esta jornada.
EH Bildu, esquerda abertzale, EA, Aralar e Alternatiba enviaram uma vasta representação (Laura Mintegi, Pernando Barrena, Tasio Erkizia, Rufi Etxeberria, Pello Urizar, Oskar Matute, Patxi Zabaleta…); da Catalunya vieram Joan Tardá (ERC) e David Fernández (CUP); o ELA e o LAB fizeram-se representar pelos seus máximos responsáveis, Adolfo Muñoz e Ainhoa Etxaide; e as mulheres da Ahotsak estiveram representadas por Jone Goirizelaia e Ainhoa Aznarez, entre outras.
De Madrid veio um autocarro, e de Itália chegaram 20 pessoas.
A marcha, silenciosa, embora o silêncio tenha sido quebrado nalguns momentos por gritos a favor do repatriamento ou da amnistia, teve de parar muitas vezes, já que era impossível avançar. Improvisaram-se manifestações paralelas nas ruas adjacentes.
Às 18h30, quando os familiares chegavam a Abando, a faixa ainda estava em Zabalburu. A cabeça chegou à Câmara Municipal uma hora e meia depois de iniciar o seu percurso. Pelas 19h10 e depois dos bertsos de Beñat Gaztelumendi e Alaia Martin, tomaram a palavra os promotores da mobilização e do Herrira.
Desafio a Paris e Madrid
A representante do Herrira Nagore García, em euskara; o jornalista Iñaki Olasolo, em castelhano; a advogada e membro da Bake Bidea Laurence Hardouin, em francês; e Ainhoa Moiua, em linguagem para surdos, leram o manifesto final. As suas primeiras palavras foram para os familiares que abriram a marcha, a quem manifestaram o seu reconhecimento e deram coragem, pelo sofrimento e pela violação de direitos a que estão a ser submetidos, e «pelo exemplo que estão a dar». «Euskal Herria jamais esquecerá a dignidade que vocês estão a mostrar», salientaram.
Tornaram o agradecimento extensível a todas as pessoas que aderiram à marcha, porque «mais uma vez este povo mostrou de forma colossal que caminha firme em direcção à paz e à convivência».
Sublinharam que «entre todos estão a construir um novo tempo para Euskal Herria» e que estão perante «uma oportunidade histórica de alcançar uma paz assente em bases sólidas: de justiça; de reconhecimento e reparação para todas as vítimas do conflito; e de respeito por todos os direitos, individuais e colectivos, para todas as pessoas e em todo o momento». A Declaração de Aiete, acrescentaram, é «um claro exemplo deste novo tempo».
Pediram-lhes ainda que «alterem de forma radical a política penitenciária» e que «esta se adapte a um processo de paz e de resolução assente em critérios de justiça transitória e de respeito pelos direitos de presos e refugiados».
No final do acto, Josu Zabala, Inés Osinaga e Petti interpretaram a canção «Herrira noa», que se baseia num poema composto expressamente por Joseba Sarrionandia para a a mobilização. / Ver: naiz.info
Fotos e fonte: Berria / naiz.info e http://paisbasco.blogspot.com.br/