O ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, se reuniu neste domingo, em Londres, com Julian Assange, fundador do Wikileaks, que se encontra há quase um asilado na embaixada do país sul-americano a espera de um salvo conduto do governo britânico.
Na reunião, o chanceler garantiu ao jornalista australiano que “o governo do Equador mantém o compromisso firme de defender seus direitos humanos” e continuará a negociar com o Reino Unido uma solução para resolver esse impasse diplomático. Ele exaltou o fato de poder ter dito isso a Assange pela primeira vez frente a frente.
“Continuamos buscando as mais sólidas garantias para evitar uma extradição posterior a um terceiro Estado”, disse, durante a conversa.
Em comunicado, Patiño disse que os dois conversaram “sobre las crescentes ameaças contra a liberdade das pessoas para se comunicarem e para conhecerem a verdade. Ameaças provenientes de determinados Estados, que colocaram a humanidade com um todo sob suspeita”.
Segundo o chanceler, apesar das limitações inerentes das dependências da missão equatoriana, o jornalista apresenta “um bom ânimo”.
Nos arredores da embaixada, centenas de manifestantes se reuniram para pedir a libertação do jornalista (foto acima).
Na segunda-feira (17), Patiño se reunirá com o ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, a quem entregará um documento com bases jurídicas e que, em cujo texto estariam outorgadas as bases legais para outorgar um salvo-conduto a Assange.
Entenda o caso
Assange enfrenta duas acusações por abusos sexuais na Suécia e se encontrava em prisão domiciliar no Reino Unido até que As autoridades britânicas atenderam um pedido deAssange nega as acusações e teme que, uma vez em território sueco, seja levado para os Estados Unidos (com quem o país escandinavo tem um acordo bilateral de extradição). Inimigo de Washington por ter difundido centenas de milhares de documentos secretos diplomáticos e militares, Assange está detido em Londres desde 7 de dezembro de 2010: dez dias em isolamento e 590 em prisão domiciliar. De lá, ele conseguiu fugir e se refugiar na embaixada equatoriana, onde se mantém recluso desde 19 de junho de 2012. O asilo político foi concedido em 16 de agosto do mesmo ano.
MCRI do Equador
Assange e Patiño acenam para a multidão na sacada da embaixada
Assange completará um ano exato na missão diplomática nesta próxima quarta-feira (19/06). Um policial monta guarda junto à porta blindada que dá acesso ao andar térreo da embaixada. Outros policiais patrulham, dia e noite, sob a sacada onde ele fez sua última aparição pública, antes do Natal, antes da realizada hoje (foto acima).
O temor de Assange se justifica em razão de documentos vazados pelo Wikileaks de Fred Burton, um dos vice-presidentes da empresa de segurança Stratfor, que possui fortes laços com o governo dos EUA. Referindo-se ao jornalista como “babaca” em uma troca de e-mails datada de 26 de janeiro de 2012, Burton reconhece que a justiça norte-americana havia emitido há um mês uma ordem secreta de prisão contra Assange por práticas de espionagem.
Fonte: Ópera Mundi