Ministro da Saúde revela despreparo e confirma a sonegação de dados

Ao comparecer à Câmara dos Deputados, Eduardo Pazuello foi questionado sobre as mudanças na divulgação dos dados sobre a Covid-19. Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a confiança nas informações do ministério sofreu um abalo.

Foto: Najara Araújo/Agência Câmara

Após as ameaças de sonegação de dados sobre a pandemia de coronavírus e a divergência dos números apresentados no último domingo (7), a Comissão Externa da Câmara que trata de ações contra o coronavírus recebeu, nesta terça-feira (9), o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Terceiro ministro a ocupar a Pasta em um ano e meio de governo Bolsonaro e em meio a uma grave crise sanitária, Pazuello defendeu as mudanças feitas pelo Ministério que sonegam informações detalhadas sobre os números da pandemia. Segundo ele, a alteração feita não busca esconder informações sobre a Covid-19, mas “buscar a verdade”.

“É inescondível. Estou querendo buscar a verdade e a verdade é evitar a subnotificação, não a hipernotificação”, disse ao apresentar seu novo banco de dados.

De acordo com o ministro, o novo sistema trará informações atualizadas sobre a pandemia de Covid-19, com números de infectados e mortes no país e em estados, além de datas em que os óbitos ocorreram. As informações estarão disponíveis com atualizações ao longo de todo o dia, dispensando a realização de coletivas oficiais do governo.

A mudança, iniciada na quarta-feira (3), no entanto, vem sendo alvo de críticas por parte de especialistas, da comunidade internacional e da oposição. Naquela data, o Brasil registrou um recorde de mortes, chegando à marca de 1.349 novas mortes em 24 h e 28.633 novos casos da doença.

Alegando um problema técnico, o Ministério da Saúde disse que o boletim do coronavírus seria divulgado excepcionalmente apenas às 22 horas, ou seja, após o fechamento das edições dos principais jornais diários e da emissão dos telejornais da noite.

No dia seguinte, o país bateu um novo recorde —1.473 óbitos em 24 horas, o que representava uma morte por minuto — e, pelo segundo dia seguido, o Ministério da Saúde atrasou a divulgação do boletim.

A divulgação às 22 horas se repetiu na sexta-feira (5), e o boletim daquele dia excluiu, pela primeira vez, o total de mortos e casos de infecção pelo novo coronavírus registrados desde o início da pandemia. Já no domingo (7), uma “confusão” nos dados gerou dois balanços com uma diferença, para menos, de 857 mortos por Covid-19.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) participou do início da audiência e também cobrou de Pazuello transparência do governo em relação aos dados da pandemia. Para Maia, a divergência na divulgação dos últimos dias abalou a confiança das informações fornecidas pelo Ministério da Saúde.

No dia seguinte, o país bateu um novo recorde —1.473 óbitos em 24 horas, o que representava uma morte por minuto — e, pelo segundo dia seguido, o Ministério da Saúde atrasou a divulgação do boletim.

A divulgação às 22 horas se repetiu na sexta-feira (5), e o boletim daquele dia excluiu, pela primeira vez, o total de mortos e casos de infecção pelo novo coronavírus registrados desde o início da pandemia. Já no domingo (7), uma “confusão” nos dados gerou dois balanços com uma diferença, para menos, de 857 mortos por Covid-19.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) participou do início da audiência e também cobrou de Pazuello transparência do governo em relação aos dados da pandemia. Para Maia, a divergência na divulgação dos últimos dias abalou a confiança das informações fornecidas pelo Ministério da Saúde.

Jandira questionou também sobre as expectativas do Ministério em relação ao pico da pandemia, visto que o país já é o segundo em número de casos. “Esperava que o senhor chegasse aqui e falasse qual a curva esperada, qual a perspectiva, em que momento ela é esperada para o país, mas não vi isso na sua apresentação”, cobrou a parlamentar. A pergunta da deputada, no entanto, não teve resposta concreta. Para Pazuello, não é possível ter essa previsão dadas as especificidades do país.

A esquiva também se deu ao responder sobre as regras de isolamento social. Assim como fez Bolsonaro, Pazuello distorceu uma decisão do STF, que garante a autonomia de estados e municípios nas ações relacionadas ao combate da pandemia, para afirmar que esta também é uma decisão dos entes federados. Dessa forma, Pazuello não entra em conflito com seu chefe, Jair Bolsonaro, defensor ferrenho do fim do isolamento social.

Desconhecimento

O ex-ministro da Saúde, deputado Alexandre Padilha (PT-SP) foi duro nos questionamentos. “O senhor fez uma louvação ao SUS, com o que eu fiquei feliz. O senhor fez uma louvação ao papel do CONASS e do CONASEMS, mas o senhor apresentou um protocolo de testagem, de diagnóstico e de tratamento que tem várias incorreções”, afirmou, referindo-se aos conselhos de secretários de saúde dos estados e municípios.

Disse ainda que não iria discutir porque Pazuello não é da área e não é obrigado a saber. “Por exemplo, que seria um absurdo o Ministério da Saúde recomendar que paciente entubado não deveria estar em UTI, que só deveria ir para a UTI se tivesse complicação renal ou cardíaca, como o senhor falou”, lembrou.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) apontou “graves erros”do ministro. “O senhor, por favor, peça ao seu subordinado no ministério que cumpra essa sua determinação de transparência, porque no site covid.saude.gov.br continua constando apenas os casos novos e óbitos novos, das últimas 24 horas”, sugeriu.

Para o deputado, o segundo erro é uma aberração falar em superação, em fim da pandemia no Norte e no Nordeste do País. “Ministro, a cidade de São Gabriel da Cachoeira, que testou em massa, encontrou apenas 5% de positividade. Ou seja, 95% da população está susceptível. Estamos longe de superar a pandemia no Norte e no Nordeste”, protestou.

“O senhor fez uma apresentação que fala muito da missão, mas não apresenta, sinceramente, nenhum planejamento claro no combate à COVID-19”, disse a líder do PSOL na Casa, Fernanda Melchionna (RS).

Ela lembrou ao ministro que o país vive a pior pandemia de toda a história. “O Brasil já é o terceiro País com o maior número de mortes. São 37 mil e 712 mortes. Não são números, são pessoas, são mães, são filhos: 700 mil pessoas contaminadas”, criticou.

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