São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reafirmou na tarde de hoje (23) a intenção de trazer médicos estrangeiros para atuar no Brasil, em locais onde houver carência de profissionais. Segundo ele, não pode ser um tabu no Brasil, a contratação de médicos de outros países, “porque isso não é tabu em nenhum lugar do mundo”. As declarações foram feitas a jornalistas hoje (23), no Congresso Internacional de Serviços de Saúde, realizado no Expo Center Norte, na Vila Guilherme, zona norte da capital paulista.
Padilha afirmou que o país só não contratará profissionais de países cuja proporção de médicos por mil habitantes seja inferior à brasileira (1 para 500, segundo o Conselho Federal de Medicina) ou formados em instituições que não sejam reconhecidas por suas nações. “Não existe preferência ou restrição a qualquer país. Não teremos preconceito contra nenhuma nação. Usaremos critérios técnicos e aprendidos com outras nações”, afirmou. No entanto, uma possibilidade que vem sendo considerada são os médicos da Espanha, país que enfrenta grave crise econômica, onde se estima que 20 mil médicos estariam desempregados.
O ministro destacou que vai privilegiar os médicos brasileiros para atender às regiões carentes, mas não vai deixar a população sem atendimento caso profissionais brasileiros não atendam aos chamados de programas específicos. “Faltam médicos no Brasil. No início do ano abrimos oportunidades no interior e em periferias de grandes cidades através do Provab (Programa de Valorização da Atenção Básica). Quatro mil médicos responderam à chamada, mas os prefeitos demandam, ao menos, 13 mil profissionais”, disse Padilha.
O Provab concede uma bolsa mensal de R$ 8 mil, mais bônus de 10% na nota da prova de residência médica aos participantes do programa. “Queremos os médicos mais perto de onde as pessoas vivem e vamos investir em pessoal e em estrutura para levar os profissionais para estes locais”, destacou Padilha. Segundo o ministro, o país tem um déficit de 54 mil médicos, acumulado nos últimos dez anos.
Padilha ponderou que não há ainda um projeto estabelecido. Porém, duas formas de intercâmbio estão sendo estudadas: realizar testes para revalidação do diploma, que possibilitaria ao médico atuar em qualquer local do país; e utilização de projetos específicos para convênio, com atuação do profissional restrita a áreas carentes de médicos e acompanhamento por supervisores brasileiros.
Representantes do ministério estão discutindo o tema com membros dos governos do Reino Unido, Canadá, Espanha, Portugal, Espanha, Austrália e Estados Unidos, que mantêm programas de atuação de médicos estrangeiros, com o objetivo de estudar formas de contratação desses profissionais. O encontro é parte da 66ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça, nesta semana.
Gripe
O ministro da Saúde manifestou preocupação com o número de casos de gripe H1N1 que atinge São Paulo. Segundo ele, 90% dos casos de morte relacionados à doença, registrados neste ano no Brasil, foram no estado. “Pedimos aos municípios que garantam a meta de vacinação contra a gripe, sobretudo de grupos de risco, prorrogando a campanha. Outra ação é a distribuição do Tamiflu – medicamento usado no combate à doença –, que o ministério tem em estoques suficientes. Os governos municipais e estaduais devem solicitar”, explicou.
Padilha afirmou que investigações do ministério, em conjunto com o governo Geraldo Alckmin (PSDB), estão apontando que as causas das mortes foram, principalmente, a existência de outras doenças que foram potencializadas pela contaminação por H1N1 e a demora em iniciar o tratamento com o medicamento. Os efeitos do Tamiflu são mais eficientes se o tratamento for iniciado nas primeiras 48 horas do surgimento dos sintomas.