‘Ministério da Saúde não tem vara de condão’, diz Marcelo Queiroga sobre atrasos na vacinação

Ministro culpa falta de oferta por falta de doses; governo federal já recusou 70 milhões de vacinas da Pfizer

Marcelo Queiroga (Foto: Fábio Rodrigue Pozzebom/Agência Brasil)

Por Felipe Mascari.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira (9) que “não tem vara de condão” para resolver os atrasos de entrega vacinação a curto prazo. Nesta semana, Curitiba e Goiânia suspenderam o programa de imunização por falta de doses. O ministro concedeu entrevista, nas instalações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, sem citar o atraso do governo em tratar do assunto que se arrasta desde o ano passado. Mesmo após o governo federal ter recusado 70 milhões de vacinas da Pfizer, Marcelo Queiroga atribuiu a culpa nos atrasos da vacinação à escassez de vacinas no mundo. “O Ministério não tem vara de condão para resolver todos os problemas. O atrasado na vacina é mundial, se há problemas nos municípios, a logística precisa ser melhor coordenada”, disse

O ministro Marcelo Queiroga também comentou o texto-base do projeto de lei 948/2021, aprovado pela Câmara dos Deputados, que permite a compra de vacinas contra a covid-19 pela iniciativa privada a fim de aplicá-las em diretores e funcionários de empresas. Favorável à medida, o ministro da Saúde disse que acatará a lei. “Tenho convicção que o nosso programa, desde que haja vacina, terá condições de imunizar toda a sociedade. Agora, o Congresso Nacional aprovou uma lei e temos que nos submeter ao regime dela”, afirmou ele.

Vacina nacional

O ministro da Saúde participou da cerimônia de assinatura de um memorando de interesse científico e tecnológico que envolve Fiocruz e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A interação entre as duas instituições federais tem como objetivo “produzir conhecimento e formular propostas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e contribuir para solucionar os graves problemas surgidos em decorrência da pandemia”.

De acordo com a presidenta da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a instituição planeja passar a produzir o chamado Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) necessário para produção da vacina contra a Covid-19. A estimativa é que, a partir de setembro, o Brasil poderá ter um imunizante de produção nacional. “A produção do IFA vai sustentar o Programa Nacional de Imunização. Neste mês, entregaremos 18,4 milhões de doses da vacina. Em maio, a entregará de 20 milhões e, até julho, totalizaremos as 100 milhões de doses de vacinas”, diz a presidenta da Fiocruz.

O diretor de Bio-Manguinhos Mauricio Zuma acredita que o início da produção do IFA nacional comece no final de maio, mas a entrega irá demorar. “A produção de um lote demora 45 dias, que passa por um controle de qualidade, então é um processo longo para termos uma vacina com IFA nacional, que ainda dependerá do aval da Anvisa. Hoje, o registro que temos é com o IFA da China, ou seja, é necessária uma mudança de registro. Em setembro ou outubro é a nossa expectativa para liberar doses ao Ministério da Saúde”, explicou.

Em nota, a Fiocruz diz que a parceria se dará em diferentes esferas, entre elas: o acompanhamento da efetividade de vacinas; a atenção básica em saúde; as variantes do novo coronavírus e seus impactos sobre o SUS; a epidemiologia da covid-19 em ambientes escolares; e propostas de inovação tecnológica e social. O comunicado reforça que a busca de soluções será “baseada em evidências científicas”.

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