Ferguson, EUA: “Guardiões do Juramento” lutam pela “defesa da Constituição contra todos os inimigos – estrangeiros e internos” na cidade.
Armados com rifles e com discurso fascista, um grupo de homens brancos chamado Oath Keepers (“Guardiões do Juramento”, em tradução livre) tem sido visto patrulhando as ruas da cidade de Ferguson em meio aos protestos que marcam um ano da morte do jovem negro Michael Brown. As manifestações em memória do assassinato de Brown tomaram corpo na madrugada da terça-feira (11/08) nos EUA.
Formada por ex-militares e policiais, a organização diz em sua página oficial que luta pela “defesa da Constituição contra todos os inimigos – estrangeiros e internos”. À emissora norte-americana NBC, o chefe de polícia do condado de St. Louis descreveu a presença da milícia como “desnecessária e infamatória”.
Manifestantes e agentes confirmaram que uma quantidade significativa de membros do grupo vestindo coletes a prova de balas e roupas camufladas foi vista em Ferguson. Desde a noite de segunda (10/08), o município está em estado de emergência, após violentos confrontos durante ato em repúdio à morte de Brown por um policial branco.
Muitos ativistas questionaram a presença da milícia em um protesto sobre violência policial e desigualdade racial, criticando o fato de seus seguidores carregarem rifles com naturalidade. “Eu estou feliz que podemos nos defender. Esse é um direito nosso há muito tempo”, rebateu um dos membros em vídeo:
O estado do Missouri, do qual Ferguson faz parte, permite que indivíduos portem e utilizem armas de fogo, a menos que as utilizem “com ódio ou em tom de ameaça”. Apesar disso, o departamento de polícia de St. Louis afirmou que consultará a procuradoria do condado a respeito da legalidade desta questão.
Com mais de 30 mil membros, Oath Keepers foi fundado por Stewart Rhodes, um ex-militar formado na escola de Direito da Universidade de Yale. No site oficial, o criador incentiva a população a sair armada “em todos os momentos, na condição de homens e mulheres livres, para estarem prontos para qualquer batalha repentina” que possa a acontecer “a qualquer momento”.
Michael Brown foi morto em agosto de 2014, gerando uma série de mobilizações ao redor dos Estados Unidos nos últimos meses com a criação de movimentos como Black Lives Matter. Após o ataque, o Departamento de Justiça já interveio na polícia da cidade, majoritariamente branca, e descobriu que os agentes mantinham práticas abusivas contra a população negra.
“Homens brancos armados andam agora em Ferguson. Sem problemas. Você imagina se negros armados fizessem a mesma coisa?”, questiona internauta.
Fonte: Opera Mundi